Torcedor tem coleção de camisas de goleiro do Vasco dos anos 90
Para o colecionador, os anos 90 concentraram as camisas de goleiro mais lindas da história do Vasco
Alguns dos maiores goleiros da história do Vasco jogaram nos anos 90. Na época, eles tiveram o privilégio de vestir algumas das camisas de goleiro mais lindas da trajetória do clube. Quem define isso é um colecionador especializado justamente nelas – as camisas de goleiro do time naquela década.
Eduardo Borges, o Dubó, tem uma coleção inusitada, hoje com 35 camisas de goleiro vascaínas, a maioria delas da década de 1990. Mais precisamente, do período entre 1991 e 2003, que ele considera uma era de ouro do design de camisas de futebol para goleiros.
“Todas as camisas lindas, vencedoras, e usadas por grandes goleiros como Carlos Germano, Hélton e Fábio”, destaca Eduardo, advogado carioca de 48 anos. As blusas do acervo foram fabricadas por Finta (1991/94), Penalty (1995), Kappa (1995/2001), VG (2001/02) e Umbro (2003).
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Quando tudo começou
O torcedor se tornou colecionador em 2018. Bem no início, ele adquiriu a camisa verde de goleiro de Carlos Germano do título da Libertadores de 1998. “Foi a minha primeira loucura”, relembra. Não seria a primeira.
Em 2021, Eduardo comprou todo o lote de camisas de goleiro de uma coleção que outro vascaíno estava se desfazendo, Dário Lourenço Júnior, autor do livro “Do 1 ao 11”, sobre mantos do time. Foi o upgrade definitivo no acervo especializado em goleiros.
“Foi meu gol mais bonito no colecionismo. Tenho muito orgulho de ter comigo camisas que contam uma história importante de um passado muito vitorioso do clube”, define Eduardo. Hoje, esta virou uma das coleções mais significativas de camisas de goleiro do Vasco – possivelmente, a mais valiosa.
“Foi meu gol mais bonito no colecionismo”. (Eduardo Borges)
“Eu acho incrível o design daquelas camisas, especialmente as da primeira metade da década de 1990. Parecem obras de arte, com cores e desenhos inovadores. Eu diria revolucionários, pois os goleiros passaram a ter um verdadeiro traje de gala”, opina. Sem exagero mesmo.
Confira abaixo a entrevista completa.
Ver essa foto no Instagram“São camisas de luxo, que mereciam ficar eternizadas”
Verminosos por Futebol – Você tem quantas camisas de goleiro do Vasco?
Eduardo Borges – Tenho 35 camisas de goleiro do Vasco, a grande maioria dos anos 90, e algumas dos primeiros anos da década de 2000. Todas lindas, vencedoras, e usadas por grandes goleiros como Carlos Germano, Hélton e Fábio.Verminosos – Essas camisas compreendem qual período?
Eduardo – As camisas que eu tenho vão de 1991 até 2003, fabricadas pela Finta (1991/94), Penalty (1995), Kappa (1995/2001), VG (2001/02) e Umbro (2003). Ainda me faltam camisas de goleiro dos anos 70 e 80, especialmente as da Adidas, um sonho de consumo. Mas vou chegar lá, ainda não tive uma oportunidade concreta de adquiri-las pra coleção.“Todas lindas, vencedoras, e usadas por grandes goleiros como Carlos Germano, Hélton e Fábio”. (Eduardo Borges)
Verminosos – Você começou a colecionar com camisas de goleiro, ou a mania veio depois?
Eduardo – Eu comecei a colecionar camisas antigas por acaso, no fim de 2018, quando vi nas redes sociais que estavam vendendo camisas do Vasco de 1998, o ano do centenário e da conquista da Libertadores. Eu comprei primeiro um modelo de loja e depois outro preparado para jogo, com o número aveludado, novinha, linda. Meses depois, fiz a minha primeira loucura que foi adquirir num leilão a camisa também campeã da Libertadores de goleiro, a clássica verde do centenário usada pelo Carlos Germano na conquista do título. Inicialmente, eu comprei predominantemente camisas de linha nos modelos de jogo, anos 90. Depois fui conseguindo uma ou outra camisa de goleiro, mas muito raramente.Até que, no final do ano de 2021, um grande colecionador de camisas de goleiro, o Dário Lourenço Júnior, autor de maravilhoso livro sobre colecionismo vascaíno (“Do 1 ao 11”), anunciou que venderia toda sua coleção. Quando ele anunciou, tomei coragem e perguntei se ele topava vender todo o lote de camisas de goleiro. E assim foi feito. Combinamos valores e forma de pagamento e marquei o gol mais bonito dessa minha história no colecionismo. Tenho muito orgulho de ter comigo camisas que contam uma história importante de um passado muito vitorioso do clube, e que acompanhei bem de perto como jovem torcedor, e mais ainda por suceder um colecionador tão admirado como o Dário.
Verminosos – As camisas de goleiro dos anos 90, o Vasco entre elas, tinham um design bem
característico, né? O que você acha daqueles desenhos?
Eduardo – Eu acho incrível o design daquelas camisas, especialmente as da primeira metade da década de 90, quando a Finta produziu peças que realmente parecem obras de arte, com cores e desenhos inovadores, eu diria mesmo revolucionários, pois os goleiros passaram a ter nessas camisas um verdadeiro traje de gala, que variava conforme a fase dos campeonatos, a importância dos jogos e a superstição dos atletas que as vestiam. No fim dos anos 90, as camisas Kappa de goleiro também são muito marcantes, num estilo bem característico daqueles anos, de tamanhos bem largos, com um material de altíssima qualidade, trazendo para nossa realidade o que já se via e admirava no futebol europeu da época. Era o Vasco vestindo uniformes de padrão internacional, tal como utilizado por potências europeias como Barcelona e Juventus.“Eu acho incrível o design daquelas camisas, especialmente as da primeira metade da década de 90, quando a Finta produziu peças que realmente parecem obras de arte”. (Eduardo Borges)
Verminosos – Qual camisa de goleiro da tua coleção acha a mais legal?
Eduardo – A camisa que eu mais gosto é uma azul e branca da Finta, usada em 1992 pelo goleiro Régis. Ela traz novidades no design com formas geométricas e elementos esportivos desenhados que ilustram bem o que falei antes sobre as inovações dessa época nas camisas de goleiro. Era tudo novidade, não tínhamos muitas referências parecidas com o que passamos a ver nessas camisas. A combinação de cores, a criatividade nos desenhos, tudo dando uma singularidade à peça, que faz com que seja realmente uma das minhas preferidas. Gosto muito também do trio do centenário, nas cores verde, azul marinho e cinza. São camisas de luxo, à altura do aniversário de 100 anos completados em 1998 e que mereciam mesmo ficar eternizadas.Verminosos – Tem alguma curiosidade relacionada a essas camisas?
Eduardo – Em relação a esse trio, descobri a existência de um protótipo de camisa na cor vermelha que, somada aos detalhes que aquele modelo trazia em preto, fazia com que a peça ficasse rubro-negra, o que certamente provocaria muitas críticas da torcida. Essa camisa, que hoje tenho em minha coleção, parece mesmo ser uma “mosca branca”, única no colecionismo, que evidentemente não foi aprovada para compor o enxoval do centenário, nunca tendo ido a campo. Apesar de concordar com a decisão de reprovação da camisa, gosto muito dela, não apenas pela raridade e todo o mistério envolvido, mas também porque a Cruz de Malta, costurada sobre o vermelho do tecido, dá a ela um charme especial, fazendo com que, apesar da presença das cores do adversário, isso fique em segundo plano, prevalecendo nosso símbolo maior como indicação de que a camisa é do Vasco e, portanto, linda por conceito.“Descobri a existência de um protótipo de camisa na cor vermelha que, somada aos detalhes que aquele modelo trazia em preto, fazia com que a peça ficasse rubro-negra, o que certamente provocaria muitas críticas da torcida”. (Eduardo Borges)
Verminosos – O que as pessoas costumam dizer quando veem essas camisas de goleiro?
Eduardo – Ficam muito admiradas, porque o colorido das peças é mesmo muito especial, além do fato de ser um período vitorioso da história do clube, que resgata inúmeras memórias afetivas, não apenas ligadas ao Vasco e seus atletas de então, mas a todo um período vivido por torcedores daquela época, muitos bem jovens, ainda crianças e adolescentes que, ao voltarem no tempo vendo as camisas, fazem uma viagem pra muito além do mundo do futebol, reencontrando-se o adulto de hoje com aquele jovem dos anos 90.Verminosos – Você costuma usar essas camisas de goleiro, em alguma ocasião?
Eduardo – Eu nunca as uso, por achar que peças com 20, 30, 40 anos de idade devem ser muito bem preservadas, evitando o contato com o que pode agredir o tecido e seus detalhes. Mas confesso que dá muita vontade. De vez em quando visto com muito cuidado para fazer uma ou outra foto em casa mesmo. Não tenho coragem de colocá-las para sair, embora merecessem estar em grandes eventos e cerimônias. Como disse antes, são trajes de gala.“Eu nunca as uso, por achar que peças com 20, 30, 40 anos de idade devem ser muito bem preservadas”. (Eduardo Borges)
Verminosos – No total, você tem quantas camisas do Vasco, considerando titular, reserva, outras e mais as de goleiro?
Eduardo – Minha coleção de camisas do Vasco hoje se compõe de aproximadamente 120 a 150 camisas, predominantemente dos anos 80 e 90, a grande maioria em muito bom estado de conservação, pois sempre priorizo a aquisição de peças muito bem cuidadas.> Eduardo Borges, o Dubó, de 48 anos, é advogado carioca.
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