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Papo sério

Bambi Tricolor luta contra homofobia

Quando Vampeta usou uma piada de arquibancada para provocar o São Paulo chamando-o de “Bambi”, o então jogador do Corinthians […]

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Facebook-Bambi-Tricolor
Página da torcida Bambi Tricolor, do São Paulo, foi criada em abril, no Facebook (Fotos: Divulgação)

Quando Vampeta usou uma piada de arquibancada para provocar o São Paulo chamando-o de “Bambi”, o então jogador do Corinthians não imaginava a proporção que aquela declaração ganharia. Passada uma década e meia, o personagem de Walt Disney (um cervo, conhecido no Brasil como veado) virou instrumento de provocação no futebol nacional. Para desgosto da torcida são-paulina, que acabou identificada com o protagonista do desenho animado. Mas uma organizada do clube quer combater esse preconceito – e de uma forma corajosa.

Fundada em abril, a reboque de outras torcidas com causas GLBT, a Bambi Tricolor é uma página no Facebook que se tornou símbolo na luta contra a homofobia. A lógica que defende é a mesma de dezenas de outros casos do futebol mundial, em que times incorporaram apelidos designados por torcidas rivais. O vizinho de muro é um exemplo. Chamado pejorativamente de “porco”, o Palmeiras decidiu adotar a pecha.

Bambi
Bambi é o protagonista de um dos filmes mais famosos de Walt Disney, lançado em 1942. O personagem é um cervo, mais conhecido no Brasil como veado

“A apropriação de apelidos pejorativos é uma estratégia ótima. Se a torcida do São Paulo aceitasse o apelido, alteraria radicalmente a conversa sobre homofobia no futebol”, defende Aline (sobrenome mantido sob sigilo, por segurança). “Não há nada na imagem do ‘Bambi’ que deveria nos envergonhar”.

É claro que essa campanha não foi bem recebida. Os moderadores da página foram perseguidos por são-paulinos – não uma torcida organizada, mas sim indivíduos. “O futebol não é um aquário, um espaço independente da sociedade. Talvez ele concentre e permita que a homofobia se apresente de maneira mais explícita”, indica Aline.

Se a torcida do São Paulo aceitasse o apelido, alteraria radicalmente a conversa sobre homofobia no futebol”.

Até a publicação desta matéria havia 1.733 curtidores na página. Por enquanto, a militância ocorre apenas nas redes sociais. Mas a repercussão do trabalho ao lado de outras torcidas do gênero, inclusive dos rivais Corinthians e Palmeiras, pode indicar um caminho de maior aceitação sexual nas arquibancadas. “Nós consideramos todas as torcidas anti-homofobia como irmãs. A quantidade de gente envolvida aponta que a sociedade está encontrando meios para se transformar”.

Emerson-Sheik-selinho
Em agosto, Emerson Sheik publicou foto na internet dando um selinho num amigo. A reação da torcida do Corinthians fez o atleta pedir desculpas e provocar o São Paulo

Para essas torcidas, a atitude de Emerson Sheik ao dar um selinho num amigo e divulgar foto na internet foi alvissareira. Em contraposição ao desrespeito da própria torcida do Corinthians. “Nós achamos corajoso e divertido que ele tenha dado o selinho, mas lamentamos a pressão que ele sofreu da torcida, com aval do clube. Foi absurdo e vergonhoso”, critica.

O movimento GLBT no esporte vem ganhando força após atletas saírem do armário, como os jogadores de futebol Robbie Roggers e de basquete Jason Collins. Eles receberam apoio do público, e felizmente vivem uma realidade bem diferente da encarada pelo atleta que foi mais alvo de preconceito na história do futebol brasileiro, Richarlysson.

Mesmo negando seguidas vezes ser homossexual, o jogador sempre foi apontado como sendo. Foi perseguido pela torcida do próprio time, o São Paulo, até deixar o clube em 2010, mesmo em detrimento de sua reconhecida qualidade dentro de campo.

Nós achamos corajoso e divertido que Emerson Sheik tenha dado o selinho, mas lamentamos a pressão que ele sofreu da torcida, com aval do clube. Foi absurdo e vergonhoso”.

A constatação da Bambi Tricolor sobre o sofrimento do jogador merece reflexão:

“Richarlysson é um cara corajoso, muita gente não teria suportado tanta pressão, tanta humilhação, tanta ingratidão da torcida e tanta maldade por parte da imprensa e de dirigentes. Um dia, quando a homossexualidade não for reprimida e negada aos jogadores de futebol, nós lembraremos dos absurdos a que foi submetido esse rapaz. E teremos vergonha do nosso comportamento como sociedade, como torcedores”. Falou bonito!

Torcidas organizadas com causa GLBT: (Em parênteses os curtidores em 18/9/2013)

Atlético Mineiro:  Galo Queer (6.045)
Corinthians: Corinthians Livre (2.255)
São Paulo: Bambi Tricolor (1.773)
Palmeiras: Palmeiras Livre (1.773)
Grêmio: Grêmio Queer (1.207)
Internacional: Queerlorado (1.078)
Cruzeiro: Cruzeiro Maria (716)
Flamengo: Flamengo Livre (516)
Bahia: EC Bahia Livre (507)
Náutico: Timbu Queer (130)
Vitória: Vitória Livre (91)

(*) Você conhece outras torcidas com causa GLBT? Por favor, nos informe nos comentários.

Trailer original do filme Bambi, de 1942:

Clique no link e leia também:

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4 respostas para “Bambi Tricolor luta contra homofobia”

  1. Futebol não é lugar para boiola,se querem viadagem,vão procurar outro lugar.Fui a um estádio e tinha um cara viado olhando para os homens,tipo insinuando.Não demorou muito pra ele levar uns tapas e quase se transformou numa confusão generalizada.

    • Respeito sua posição, Carlos, mas acho que cada um pode olhar pra quem quiser. Se o cara não gosta, é só não retribuir o olhar. Daí eu bater em alguém porque está olhando pra mim… Acho exagero, e sobretudo falta de civilidade.

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