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Deu a louca

Colecionador tem acervo incrível de camisas de clubes que vestiram Adidas até 1992

O carioca Luís Quedinho, fã da Adidas, possui coleção valiosíssima de camisas que marcaram a história

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Até esta entrevista, eram 250 camisas Adidas, de 68 clubes brasileiros (Foto: Acervo pessoal)
Até esta entrevista, eram 250 camisas da Adidas, de 68 clubes brasileiros (Foto: Acervo pessoal)

Quando ganhou uma camisa do Flamengo em 1980, aos 12 anos, presente do pai, Luís iniciou uma paixão que anos mais tarde se tornaria uma das coleções de futebol mais incríveis do país. Hoje, ele garimpa camisas de times brasileiros fabricadas pela Adidas até 1992.

Até aquela época, as camisas de futebol eram produzidas sob um processo mais manual e natural. E, no período, ninguém dominou tanto o mercado brasileiro quanto a fornecedora alemã. A admiração de Luís Quedinho pela marca, desde a infância, motivou sua busca.

Dezenas de camisas

No momento desta entrevista ao Verminosos por Futebol, Luís reunia 250 camisas da Adidas, de 68 clubes brasileiros. Sendo a blusa mais antiga do acervo, o primeiro modelo da marca para a seleção brasileira, de 1977, ainda com escudo da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

Ou seja, são camisas de até quase meio século! “Pra você ter uma ideia, eu nem lavo as peças para não danificar o tecido. Todas ficam em araras, em local arejado e com plásticos para a proteção”, conta Luís, empresário de 54 anos, morador do Rio de Janeiro.

A camisa mais antiga do acervo é uma de 1977, da Seleção (Foto: Acervo pessoal)
A camisa mais antiga do acervo é uma de 1977, da seleção brasileira (Foto: Acervo pessoal)

Abordagem na rua

Conseguir camisas de futebol muito antigas exige um jogo de cintura para, em várias ocasiões, abordar pessoas nas ruas vestindo raridades. Como no dia em que, em 2022, Luís viu um ambulante com uma camisa do Flamengo de 1981 e propôs, na hora, a compra da peça.

“Normalmente ofereço um valor acima da média para a pessoa aceitar de imediato. Naquela ocasião, ouvi que fiz o dia dele mais feliz, porque a família dele estava passando necessidades, e eu caí do céu. Fiquei feliz pela ajuda e pela camisa”, relembra o carioca, torcedor do Flamengo.

“Eu nem lavo as peças para não danificar o tecido”. (Luís Quedinho)

Evolução nos anos

Em diferentes momentos desde os anos 50 até o início dos anos 90, os times de futebol usaram camisas com tecidos variados, passando do algodão para malha, poliamida (um fio sintético) com algodão, acrílico furadinho e acrílico fechado (pano).

Nesse processo, diversas inovações surgidas a partir dos anos 70, depois da Copa do Mundo de 1978, vieram por meio da Adidas. Foi uma entrada agressiva no futebol. No seu auge nos anos 80, por exemplo, a empresa vestia 95% dos clubes brasileiros. “Sou um fã declarado da marca”, confessa Luís.

Confira abaixo entrevista com o colecionador. Ele fala mais sobre a coleção e conta curiosidades do tempo em que quase todos os times do Brasil estampavam a marca da três listras.

A Adidas chegou a vestir 95% dos clubes brasileiros nos anos 80 (Foto: Acervo pessoal)
A Adidas chegou a vestir 95% dos clubes brasileiros nos anos 80 (Foto: Acervo pessoal)

“A Adidas era impecável na confecção dos uniformes esportivos”

Verminosos por FutebolVocê tem quantas camisas da Adidas até 1992? A coleção parte de qual ano?
Luís Quedinho – Por enquanto, 250 camisas Adidas, de 68 times do Brasil. A camisa mais antiga que tenho no acervo é o primeiro modelo da seleção brasileira, de 1977, antiga CBD.

> Alguns times da coleção de Luís Quedinho:

• RJ – Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, América, São Cristóvão, Portuguesa, Olaria, Americano, Bangu, Entrerriense e Volta Redonda.
• SP – São Paulo, Santos, Palmeiras, Juventus, Guarani, São Bento, América de São José do Rio Preto, Paulista de Jundiaí, Internacional de Limeira e Tanabi.
• MG – Atlético, Cruzeiro e América.
• RS – Internacional e Grêmio.
• Outros – Bahia, Vitória, Sport, Fortaleza, Ceará, Moto Club, Goiás, Atlético-GO, Brasília, Coritiba e Criciúma.

VerminososQuando começou essa mania?
Luís – Eu, com 10 anos, acompanhei a Copa do Mundo de 1978 e aqueles uniformes da Adidas das seleções me encantavam. Comecei a colecionar quando tinha 12 anos, em 1980. Ganhei de presente do meu saudoso pai a primeira camisa Adidas do Flamengo, que possuo até hoje no meu acervo. Esse presente me marcou muito pela qualidade da camisa. Mesmo criança eu já tinha notado a diferença superior das demais camisas dos anos 70.

VerminososNaquela época, não era comum vender camisas para torcedor iguais as dos jogadores. Dessa forma, são sempre camisas que foram vestidas por jogadores?
Luís – Naquela época era quase impossível conseguir camisa oficial de jogo em lojas. Você conseguia no máximo camisas sem números ou com as numerações dos ídolos, e só. Exemplo: camisa do Zico 10, Roberto Dinamite 10, e por aí vai. Estamos falando do princípio dos anos 80, quando tudo era mais escasso. Comecei a observar que quando você via uma pessoa com uma camisa número 6, 11 ou outro número reserva como 15, 18, eram camisas dadas por jogadores. À medida que eu fui crescendo, me tornando mais independente financeiramente, passei a colecionar com mais seriedade e a buscar essas peças nas ruas, nos estádios e nos contatos com vários colecionadores amigos do Brasil inteiro.

Luís Quedinho já abordou pessoas nas ruas para comprar camisas (Foto: Acervo pessoal)
Luís Quedinho já abordou pessoas nas ruas para comprar camisas (Foto: Acervo pessoal)

VerminososQuais foram as maiores loucuras que você já fez em busca dessas camisas?
Luís – Todos nós cometemos loucuras, quem coleciona sabe muito bem o que estou falando. Quando você vê uma pessoa na rua vestindo uma relíquia, e lembro a você que todo colecionador nasceu com “Olhos de Águia”, abordamos com a máxima educação. Já deixei uma pessoa sem camisa na rua. Num certo dia, levei minha mãe (de 87 anos) pra fazer um exame de rotina e, no caminho pela calçada, avistei um ambulante com uma camisa rara do Flamengo de 1981. Simplesmente usando uma camisa de 41 anos antes, intacta, perfeitíssima e conservada pelo tempo. Abordei-o com elegância e fiz uma proposta pela camisa. Normalmente ofereço um valor acima da média para a pessoa não pensar e aceitar de imediato. Resposta dada como certa, tirou a camisa e paguei na hora. Fiz questão até de comprar uma camiseta mais simples pra ele vestir, mas não aceitou. Recebi também como resposta que eu fiz o dia dele mais feliz, porque a família dele estava passando necessidades em casa, e eu caí do céu. Fiquei feliz pela ajuda e pela camisa!

VerminososExistem peças retrô também, ou são somente peças vintage?
Luís – Em hipótese alguma entra peça retrô no meu acervo. Só camisas originais! Camisas de até 46 anos atrás. Pra você ter uma ideia, eu nem lavo as peças para não danificar o tecido. Todas ficam em araras, local arejado e com plásticos para a proteção.

“Em hipótese alguma entra peça retrô no meu acervo”. (Luís Quedinho)

VerminososImagino que essas camisas dos anos 80 e início dos anos 90, da Adidas, são caríssimas. Dá pra situar quem não entende?
Luís – Quando você passa a colecionar essas “obras de arte” do futebol, não pode pensar na questão financeira. Você coleciona pelo prazer, ainda mais se viveu esse período. Sim, existem camisas de alto valor como existem também de baixo valor. Não existe uma tabela fixa na precificação. Lembrando que são camisas com mais de 40 anos. Tudo depende do grau de dificuldade da peça. Existem camisas de jogo único, patrocínio único, e por aí vai. Quando aparece aquele ítem raro, se deixar passar, talvez não apareça nunca mais.

VerminososComo eram os tecidos da época? Eram sempre os mesmos, ou variava?
Luís – Falo sempre que os uniformes começaram com uma grande transformação após a entrada da Adidas no Brasil. Ela desembarca no Brasil em 1973, com grande variedade do material para corridas e atletismo e, futuramente, para outros esportes como o futebol. Mas, vamos voltar um pouquinho no passado, nos anos 50, 60 e 70, quando os times jogavam com camisas com tecidos pesados, tecidos fabricados na sua totalidade em algodão, números costurados e, dependendo do time, ainda davam um banho de tinta no tecido para chegar na côr desejada. Depois, a indústria no começo dos anos 70 começou a fabricar os tecidos de malha, que a maioria dos times naquela época usavam. Camisas com uma malha mais aberta (malha fina), podemos chamar até de camisas de linha, uma malha totalmente furadinha para absorver e secar o suor. Já no final dos anos 70, a Adidas entra com uma revolução nos tecidos esportivos, e com algumas variações em sua composição. A mistura da poliamida (fio sintético) com algodão, teve o tecido com composição 100% acrílico furadinho e também com a composição 100% acrílico fechado (pano). A qualidade insuperável que entra de vez no futebol brasileiro.

VerminososA Adidas tinha amplo domínio no futebol brasileiro na época, né? Você estima que a marca vestia quantos por cento dos clubes que disputavam competições nacionais?
Luís – A Adidas dominou o mercado brasileiro naquela época, por pelo menos uns 12 anos seguidos. Estima-se que 95% dos clubes brasileiros usaram a marca das 3 tiras.

VerminososPor que tua coleção para em 1992, se a Adidas seguiu vestindo alguns raros clubes depois disso?
Luís – Vamos lá. Falo sempre e brinco que a marca teve dois períodos no futebol. A Adidas AC (antes de Cristo) até 1992, e Adidas DC (depois de Cristo) após 1992. O que era uma excelência em qualidade e material foi fabricado até 1992. Falo das melhores camisas em termos de tecido, os melhores acabamentos, o capricho em cada detalhe nos bordados dos escudos, o processo de fabricação dos números que consistia na aplicação da tinta e logo, depois injetava-se uma camada de pó de tecido que dava aquele ar de número de veludo que muitos chamam de flocados. Isso tudo aconteceu até 1992. No começo dos anos 90, precisamente a partir de 1992/93, a Adidas e grande parte da indústria de material esportivo passam a adotar o processo de sublimação. Ou seja, na minha opinião a camisa perde o glamour desses detalhes do passado. Falo que a sublimação é como um processo de máquina xerox, onde você cria a peça e coloca na máquina pra sair igual. Tudo estampado diretamente no tecido. Detalhes de números, escudos, tudo direto no tecido, acarretando o fim de uma era sensacional dos anos 80. Logicamente temos que compreender que a indústria não para e que fez sim algumas peças sublimadas bacanas, mas que não me enchem mais os olhos.

VerminososQuais curiosidades que a gente precisaria saber daquele período?
Luís – Nesse mundo de Adidas dos anos 80, o único time que não vestiu a marca foi o Corinthians. Acredito que não chegaram a algum acordo financeiro. A Adidas era impecável na confecção dos uniformes esportivos. Posso garantir a você que teve somente um caso que eu lembre de um fato “engraçado” em relação à camisa. A seleção brasileira, em 1979, foi jogar contra o Ajax da Holanda no Morumbi. Quem fabricou a camisa da Seleção desse jogo foi a Erima, uma empresa francesa que futuramente a Adidas compraria, uma subsidiária na Europa. Fizeram o escudo da CBD com as três estrelas totalmente em desacordo com a posição, parecia que as 3 estrelas estavam voando.

“Nesse mundo de Adidas dos anos 80, o único time que não vestiu a marca foi o Corinthians”. (Luís Quedinho)

VerminososPra finalizar, você acha que houve alguma outra época do futebol brasileiro com camisas tão bonitas?
Luís – Acho que não. A geração dos anos 80 foi agraciada em tudo no futebol. Falo por mim aqui no futebol brasileiro. Na Europa, naquela época, também já eram lindas as camisas. Um fato comprovado é a Revista Placar. Quem comprava as revistas naquela época era justamente para ver as fotos das camisas dos seus times. É unânime afirmar que todos adoravam aquele período. A Copa de 1978 foi o start dos amantes de camisas Adidas. Quem vivenciou esse período fantástico do futebol sabe muito bem o que estou falando. Sou um fã declarado da marca.

> Luís Quedinho, de 54 anos, é empresário carioca, morador do Rio de Janeiro e torcedor do Flamengo.

Serviço:

Acompanhe a coleção de Luís Quedinho, no perfil Instagram Charuto Futebol Clube.


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