Para cearense, rede é uma tradição – seja para o descanso, seja para dormir. Um torcedor do Ceará incorporou isso ao futebol, e agora virou parte do folclore alvinegro. Em jogos do time, quase sempre Levi Cruz está lá com sua rede armada, em plena arquibancada.

A mania teve início em 2024. O torcedor levou uma rede para a estreia na temporada, no estádio Presidente Vargas, pelo Campeonato Cearense. “A ideia era mostrar que eu já estava ansioso para a partida”, relembra o influenciador digital de 36 anos.

Pouco depois, a torcida do Ceará promoveu um protesto contra o alto preço dos ingressos, num jogo no PV com mando de campo do Maracanã. Os alvinegros assistiriam ao duelo em telões na sede do clube. “Levei minha rede e fiz um vídeo que viralizou no Brasil inteiro”.

Na época, Levi gravava seus vídeos na companhia de crianças vizinhas de seu condomínio, em Maracanaú. “Eles faziam parte da diversão. Com a volta das aulas, ficou mais difícil de eles me acompanharem”, relata o influenciador.

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Rede deu sorte para o acesso

A partir daí, Levi viu o Ceará ser campeão cearense deitado numa rede no Castelão, e repetiu a dose em jogos na Série B. Quando assistia sentado nas cadeiras, o time tropeçava. Assim, não deu outra – virou amuleto. “Os torcedores me cobravam de levar a rede, pois dava sorte”.

No começo, Levi usava cordas para amarrar a rede em grades da arquibancada. Com o tempo, aprendeu a dar nós nos punhos, para facilitar o processo. “O pessoal diz ‘Que cara doido’, ‘tu é mala’, ‘aí sabe viver’… A galera gosta demais da resenha”, conta.

“Os torcedores me cobravam de levar a rede, pois dava sorte”. (Levi Cruz)

Mas nem sempre a brincadeira é encarada na esportiva. Certa vez, um policial ameaçou tomar a rede se a visse de novo. “Acho que ele é torcedor rival”, diverte-se. “Contra o Santos, não consegui entrar com a rede. Se eu estivesse com ela, a gente tinha vencido”.

Rede nas ruas do país

Antes de ficar famoso por conta da rede nos estádios, Levi já era influenciador. Fazia vídeos de humor e publicava na internet. Então, dobrou a aposta. O torcedor armou a rede no metrô de São Paulo, na Rua 25 de Março, nas favelas da Rocinha e do Vidigal e no Cristo Redentor.

“Amo dormir de rede. Pra quem não sabe, não dormir de rede é a mesma coisa de ir à praia e não tomar banho de mar”, compara Levi, sobre o gosto que virou sua marca registrada. “Se algum fabricante de rede quiser me patrocinar, seria um prazer. Iria armar lá também”.

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