O personagem que estampou uma das fotos mais célebres do jornalismo esportivo cearense nunca havia sido localizado. Foi ele quem, em 2007, teve a ideia de armar uma rede em plena arquibancada do estádio Castelão. No dia seguinte, o torcedor estava na capa do jornal O Povo, de Fortaleza, e em diversos sites nacionais. Agora, ele vem à tona graças ao Verminosos por Futebol.

Luís Carlos Freitas, técnico em edificações hoje com 24 anos, se tornou uma espécie de famoso anônimo quando assistiu, deitado numa rede, a um jogo do Campeonato Cearense. Vitória do Ceará por 2 a 1 sobre o Ferroviário, no dia 18 de março. Na partida, o protagonista não estava no campo.

“Fomos eu e mais quatro pessoas da família. Como a minha prima tinha 3 anos, a gente levou uma rede para forrar o piso, assim ela poderia dormir. Então resolvemos amarrá-la debaixo dos camarotes, que na época ficavam na parte mais alta da arquibancada”, conta o torcedor do Ceará, que contou com ajuda de um tio, o mecânico Marcos Freitas.

Natural que aquela cena chamasse a atenção de quem estava no campo. “A gente notou que os fotógrafos começaram a apontar para o nosso lado. Quando torcedores passaram a fazer o mesmo, percebi que estavam olhando era para a gente”, relata Luís Carlos.

A imagem curiosa despertou o interesse do repórter fotográfico Fco Fontenele, que subiu a arquibancada do Castelão. Ele não queria registrar o mesmo que os colegas. “A foto mais legal seria no ângulo de visão do torcedor”, relembra o profissional, atualmente editor de fotografia do O Povo.

No dia seguinte, o espaço destinado à imagem surpreendeu Luís Carlos. “Eu achava que seria uma coisa pequena, mas foi a foto principal da capa do jornal. Tenho o exemplar guardado até hoje”, revive o torcedor. Porém, nunca mais a cena pôde ser repetida. “A polícia passou a impedir”.

Luís Carlos permaneceu anônimo por um cochilo do fotógrafo. Tão empolgado com o momento, ele esqueceu de anotar nome e contato do torcedor da rede. “Eu era inexperiente. Hoje, nunca cometeria um vacilo como aquele”, admite Fontenele. Sorte que, em tempos de internet, todo mundo pode ser encontrado.