40 anos do jogo 1.000 de Pelé no Santos
Foi o apagar das luzes para uma nova era no futebol cearense. Pena que o Castelão ainda não estava pronto, […]
Foi o apagar das luzes para uma nova era no futebol cearense. Pena que o Castelão ainda não estava pronto, senão teria gente pendurada até no fosso. O destino foi pródigo ao reservar justo para Fortaleza o jogo mil de Pelé pelo Santos. Seria contra o Ceará, pelo Campeonato Brasileiro de 1972. O jeito foi se acotovelar nas já modestas arquibancadas do PV, no histórico 3 de dezembro.
O Rei ainda nem havia pendurado as chuteiras e já era tratado como maior de todos os tempos. Tricampeão do mundo dois anos antes, dois Mundiais pelo Santos no currículo, reverenciado em todo o planeta num tempo em que a globalização engatinhava. O gol mil da carreira havia sido em 1969 e o jogo mil, em 1971. Para completar a trinca, faltava o milésimo jogo pelo time que o consagrou, feito incrível para um jogador de 32 anos.
A expectativa era enorme, pois Pelé dava sinais de que o fim estava próximo. O jornalista Alan Neto bateu ponto no hotel Savanah, no Centro, em busca de entrevista exclusiva. Conseguiu mais até do que esperava: o anúncio do Rei de que deixaria o futebol em dois anos, cumprido em parte (depois ele jogou mais três anos pelo New York Cosmos, dos EUA). “Foi o maior furo da minha vida”, já definiu diversas vezes Alan Neto, colunista do jornal O Povo.
Um jogo de tal porte merecia gol de Pelé. Como estava no roteiro, ele deixou sua marca, abrindo o placar aos 11 minutos do primeiro tempo. Eufórica, a torcida explodiu de alegria, nem ligando se o gol era contra o próprio time. Na segunda etapa, o Ceará empatou, com Samuel, aos 17 minutos, e virou com Da Costa, aos 30. Era a primeira vitória de um time cearense sobre o Santos do Rei.
Terminado o jogo, começou uma farra, conforme relato de matérias dos jornais da época. Na invasão ao campo, um torcedor ofereceu 10 mil cruzeiros (cerca de R$ 26 mil em valores corrigidos) pela camisa 10. Pelé, acuado, rejeitou a proposta indecente pela relíquia e cobrou das autoridades um estádio que melhor comportasse o futebol cearense. Onze meses depois, em 1973, foi inaugurado o Castelão. Estádio que, infeliz, só teve tempo de receber uma vez em sua história a majestade dos gramados.
CEARÁ 2×1 SANTOS
Campeonato Brasileiro de 1972
Local: Estádio Presidente Vargas (PV)
Data: 3/12/1972
Renda: Cr$ 207.571
Público: 35.752 pagantes (2.321 não-pagantes)
Árbitro: Carlos Costa
Auxiliares: Harri da Costa Ramos e Assis Furtado
Gols: Pelé (11min 1ºT), Samuel (17min 2ºT) e Da Costa (30min 2ºT)
Ceará – Hélio Show; Paulo Tavares, Odélio, Mauro Calixto e Dimas Filgueiras; Edmar e Joãozinho; Nado, Jorge Costa, Samuel e Da Costa. Técnico: Ivonísio Mosca
Santos – Joel Mendes; Turcão, Paulo, Altivo e Murias (Vicente); Léo e Pitico; Roberto Carlos, Afonsinho (Edu), Pelé e Ferreira. Técnico: Pepe
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Você sabia?
Pelé jogou nove vezes contra times cearenses, entre 1959 e 1974. Foram seis jogos no PV, um no Castelão, um no Romeirão, em Juazeiro do Norte, e um no Pacaembu, em São Paulo. O Rei fez seis gols, mas nunca venceu o Ceará, com duas derrotas e um empate.
Linha do tempo
18/7/1959 – Já campeão do mundo, Pelé faz seu 1º jogo na capital cearense, amistoso Fortaleza 2×2 Santos, no PV, com dois gols do Rei.
4/8/1968 – Na entrega das faixas de campeão cearense invicto, o Ferroviário segura um 0x0 contra o Santos de Pelé, no PV.
3/12/1972 – Jogo mil de Pelé por seu time, Ceará 2×1 Santos, no PV, pelo Campeonato Brasileiro.
23/1/1974 – Único jogo de Pelé no Castelão, Fortaleza 1×5 Santos, pelo Brasileiro, com dois gols do Rei e 32 mil pagantes.
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Um jogo sensacional que, no entanto, das fontes consultadas, os dados a ele relativo, parcialmente, não batem, senão vejamos: no Livro Ceará Sporting Clube: um retrato em branco e preto, de Lúcio Chaves Holanda. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2004, constam as seguintes informações:
1 – JOGO HISTÓRICO Este foi o 1000º jogo de Pelé vestindo a camisa do time do Santos, aconteceu em 03/11/1972 – no estádio Presidente Vargas, numa “virada sensacional”. CEARÁ 2 X 1 Santos. […] (obra citada, p. 123).
2 – O ponta-esquerda do Ceará, Da Costa, autor do gol da virada, ao narrar o lance, discorre:
“[…]. A jogada foi assim…: o Samuel ou Edmar, num lembro direito, meteu uma bola pro Jorge Costa na ponta-direita, o Jorge ganhou na carreira do Rildo (que era o lateral-esquerdo do Santos), foi na linha de fundo e cruzou. Eu ameacei ir na marca do pênalti e voltei… o Carlos Alberto (que era o lateral-direito e tinha chegado da Seleção com aquela bola toda !…) subiu… mas eu subi na frente dele e cabeceei, a bola bateu no pau-da-trave e entrou lá no cantinho … é um gol que eu tenho guardado até hoje comigo !… (obra citada, p. 210).
Ante o exposto, faço as seguintes reflexões:
a) qual a data correta do jogo: 03/11/1972 ou 03/12/1972?
b) ao discorrer o lance do 2º gol do Ceará, Da Costa alude a dois jogadores do Santos Futebol Clube, a saber: – Rildo (lateral esquerdo) e Carlos Alberto (lateral-direito), que se presume seja o grande capitão da Seleção Tricampeã de 1970 – Carlos Alberto Torres (já falecido). Ora, é pouco provável que o próprio Da Costa (que eu vi jogar) e fez o 2º gol do Ceará tenha se equivocado com os nomes dos jogadores adversários, que eram jogadores famosos em seus clubes e ex-jogadores da Seleção Brasileira. Pergunta-se: pode ter havido erro da fonte que escalou o Time do Santos e não incluiu o nome dos dois jogadores? Como se pode dirimir essa dúvida?
Att.: Vicente Kleber
Fortaleza/CE