Campeão brasileiro e da Libertadores, o Botafogo terminou a temporada 2024 com outro título – esse simbólico, e pouco conhecido entre torcedores. É do clube a atual posse do “Cinturão do Futebol Brasileiro”, projeto mantido por dois pesquisadores paulistas.

Inspiração no boxe

E se o futebol tivesse evoluído de outra forma, com os campeões definidos como no boxe? Nessa modalidade, um novo campeão surge após derrotar o antigo. A partir dessa premissa, nasceu em 2018 o projeto dos pesquisadores André Luiz Andrade Silva e Michael Serra.

Inspirados no “Cinturão de Seleções”, o Unofficial Football World Championships (UFWC), que cataloga as trocas de cinturão desde o primeiro jogo entre seleções, a dupla enumerou todas as defesas de cinturão ao longo da história do futebol brasileiro.

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Cinturão do Futebol Brasileiro: Largada em 1902

No projeto, valem apenas jogos oficiais entre clubes brasileiros, disputados no país ou no exterior, por qualquer competição. Dessa forma, o ponto de partida foi o primeiro jogo oficial no Brasil, no dia 3 de maio de 1902, pelo Campeonato Paulista.

Na ocasião, o Mackenzie College venceu o Germânia por 2 a 1, no campo do Parque Antarctica, em São Paulo. Assim, o time universitário foi o primeiro a assumir o cinturão. Que só foi perdido em 4 de outubro de 1902, após derrota para o Paulistano.

Os pesquisadores levantaram as defesas de cinturão duelo por duelo, até chegar aos dias de hoje. Uma pesquisa gigantesca. Passados 4.268 jogos, o cinturão está hoje sob posse do Botafogo. E, até chegar a esse ponto, foi ostentado por 227 clubes diferentes.

Quem mais deteve o cinturão

Se o Botafogo é o atual dono, o quarteto de grandes do futebol paulista está no topo do ranking de times que mantiveram a posse do cinturão por mais vezes. Por ordem, Palmeiras/Palestra Itália (332), Corinthians (328), Santos (248) e São Paulo (201).

Isso foi reflexo de o Campeonato Paulista ter sido o primeiro estadual do país, e da espera de algumas décadas até surgirem competições interestaduais. Quando elas foram criadas, o cinturão fez um giro pelo país, passando por times de todos os portes.

Em 1988, o “troféu” circulou entre clubes da 3ª divisão do Campeonato Paulista, como União Bom Retiro, Candidomotense e Monte Negro. Em 2021, passou pela 3ª divisão do Carioca, por Pérolas Negras, Serrano e São Gonçalo. Inusitado.

Desde que o trabalho dos pesquisadores passou a ser divulgado, em 2018, em uma ocasião o time campeão comemorou esse título simbólico. Naquele ano, a Anapolina conquistou o cinturão. “Os diretores do clube ficaram extremamente empolgados”, relembra André Luiz.

Muitos outros cinturões

Assim como os cinturões de Seleções e do Futebol Brasileiro, já existem muitos outros projetos do gênero pelo mundo, e em diferentes esportes.

Também são atualizados por pesquisadores os cinturões Mundial de Clubes, Inglês, Italiano, Espanhol, Alemão, Português, Austríaco, Argentino, da Champions League, além das ligas da NBA, NFL, MLB, dentre outros.

“Tem gente louca igual a gente no mundo todo”, diverte-se André Luiz. Os dois pesquisadores do Cinturão do Futebol Brasileiro, por sinal, não satisfeitos, ainda mantêm os cinturões do Futebol Paulista e da Libertadores.

No primeiro, valem apenas jogos oficiais entre times paulistas, em qualquer competição, no país ou no exterior. O detentor do cinturão, no momento, é o Santos. Já no segundo, são considerados apenas jogos da Libertadores, e o campeão é o Botafogo.

Uma curiosidade: o cinturão de seleções de futebol, a pesquisa que deu origem a todas as outras, hoje é da Argélia.

Para não haver lacunas no projeto, os pesquisadores previram um conjunto de regras para o Cinturão do Futebol Brasileiro. Confira abaixo um resumo.

• O campeão não perde o cinturão após empate em jogo normal, sem penalidades.

• Se um time disputar duas competições em uma mesma data, será considerado o jogo da equipe principal, no torneio de mais nível técnico.

• Um campeão perde o cinturão quando é derrotado no tempo regulamentar, na prorrogação ou na disputa de pênaltis. Se um time vencer a partida, mas for derrotado nos pênaltis, perde o cinturão.

• Se o detentor do cinturão deixar o futebol, a posse volta para quem possuiu imediatamente antes do clube extinto.

Quem são os pesquisadores do Cinturão do Futebol Brasileiro:

• André Luiz Andrade Silva, 43 anos, de Guarulhos (SP).
• Michael Serra, 40 anos, de São Paulo, autor dos projetos saopaulofc.net e spfcpedia.com.

Serviço:

Cinturão do Futebol Brasileiro
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Botafogo mantém o Cinturão para 2025 https://t.co/RUmSEktE4s

— Cinturão do Futebol Brasileiro (@cinturaofutebol) December 8, 2024

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