Parece mentira, mas não é. Um campo de terra torto seria desentortado, em obra da prefeitura do Recife. Ganharia gramado sintético e ficaria retinho. O novo piso veio, mas a comunidade não aceitou o novo formato.

Essa é a história do Campo do Onze, o mais tradicional do futebol amador do Recife, do bairro de Santo Amaro. Construído em 1950, ele passou a ter o desenho de um losango em 1990, após ser cortado por uma avenida.

Com o terreno perdido, uma lateral do campo ficou mais curta do que a outra: 81 x 65 metros. Cenário que garantiu uma aura única ao campo. Ao ponto de os moradores, hoje acostumados ao formato, protestarem ao saber da reforma feita no ano passado.

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Gramadão do Recife

O Campo do Onze foi contemplado pelo projeto Gramadão do Recife. A ideia da prefeitura é levar gramado sintético para campos de terra da cidade.

Em Santo Amaro, o terreno que seria descartado ao desentortar o campo se tornaria um vestiário – outra melhoria, além do gramado sintético. O Campo do Onze, porém, viraria um “Campo do Oito”, com a redução de área.

“Quando ficamos sabendo, ameaçamos incendiar as primeiras placas de grama instaladas”, relembra Marconi Gadelha, presidente União Futebol Clube, mais antigo time em atividade no bairro, fundado em 1987.

A reclamação chegou aos ouvidos do prefeito João Campos. “Eu estava na prefeitura, e um assessor me disse que um protesto estava prestes a acontecer”, conta o prefeito, em vídeo publicado em suas redes sociais.

“Eu disse ao pessoal: faz uma reunião, junta a turma que joga bola e pergunta como eles querem o campo. Tu acredita que eles decidiram quase por unanimidade que preferiam o campo ‘troncho’?”, diverte-se João Campos.

O campo verdinho e torto, claro, ficou engraçado. “Não é o melhor campo em linha reta do mundo porque ele é troncho, mas que tá top tá”, ri o prefeito.

 

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Campo tradicional

O Campo do Onze, além de ser o mais conhecido no futebol amador do Recife, é um dos principais formadores. Foi lá onde surgiram Rogério, campeão brasileiro pelo Sport em 1987; e Kássio, campeão da Copa do Brasil pelo time em 2008.

Neste momento, seis jogadores revelados no União, de Marconi Gadelha, atuam profissionalmente: Julio Rodrigues (Maringá-PR), Edson Lucas (Ferroviária-SP), Ed (Belo Jardim), Lucas André (Sport), Pedro Maia e Juninho (Santa Cruz).

Referências da garotada, Rogério e Kássio hoje são professores de futebol no Campo do Onze. O primeiro trabalha na escolinha da ONG Associação Oásis da Liberdade, enquanto o segundo lidera o projeto social K10.

A expectativa é que o novo gramado amplie ainda mais esse celeiro reconhecido.

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