Top 5 dos Maiores Escândalos da História do Futebol
Alguns desses escândalos não só mancharam a reputação de jogadores, mas também de equipes inteiras
Futebol não é só um esporte, é uma verdadeira cultura, cheia de interações complexas entre jogadores, técnicos, torcedores e jornalistas. E, claro, onde há tanta paixão, escândalos também acontecem. Alguns desses escândalos não só mancharam a reputação de jogadores, mas também de equipes inteiras. Um exemplo clássico envolve apostas esportivas, que são proibidas para qualquer pessoa que possa influenciar o resultado do jogo. Embora essa regra seja clara, nem todos a seguem – e um dos primeiros grandes escândalos do tipo ocorreu no início do século XX.
O Escândalo entre Liverpool e Manchester United (1915)
Em 1915, durante a temporada da Primeira Divisão da Liga de Futebol da Inglaterra, o Liverpool estava no meio da tabela, enquanto o Manchester United estava à beira do rebaixamento para a Segunda Divisão. Com a Primeira Guerra Mundial em andamento, o impacto negativo no esporte era evidente, e os jogadores temiam perder seus salários. Todos queriam garantir o que podiam.
No dia 2 de abril de 1915, em uma Sexta-Feira Santa, Liverpool e Manchester United se enfrentaram no Old Trafford. O Liverpool não tinha muito em jogo, já que o resultado não alteraria sua posição na tabela, mas para o Manchester United, era um jogo crucial.
O resultado final foi uma vitória do Manchester United por 2 a 0, graças a uma atuação decisiva de George Anderson. No entanto, os torcedores notaram algo estranho: o jogo parecia relaxado demais. Uma das situações mais suspeitas ocorreu quando Patrick O’Connell, do Liverpool, desperdiçou um pênalti de maneira bizarra quando o placar estava em 1 a 0. Ele nem tentou acertar o gol, chutando a bola para fora de forma desleixada.
O treinador do Manchester United, Jack Robson, e o árbitro, Mr. Sharpe, também acharam a partida suspeita. A desconfiança cresceu tanto que a polícia envolveu-se na investigação. Logo se descobriu que grandes quantias de dinheiro haviam sido apostadas na vitória do Manchester United por 2 a 0. Os bookmakers congelaram os pagamentos e anunciaram recompensas por informações relevantes.
Foi Fred Pagnam, jogador do Liverpool, quem ajudou a expor a verdade. Ele se recusou a jogar mal por dinheiro e denunciou o esquema de manipulação, revelando um acordo entre jogadores do Manchester United e alguns de seus próprios companheiros de equipe.
No Liverpool, os envolvidos no esquema eram Tom Miller, Thomas Fairfoul, Jackie Sheldon e Bob Pursell. Pelo lado do Manchester, os conspiradores eram Arthur Whalley, Enoch West e Sandy Turnbull. Sheldon foi identificado como o principal orquestrador do plano. Durante a investigação, ficou claro que a diretoria dos clubes não tinha conhecimento do plano.
No entanto, os culpados não escaparam das consequências. Em 27 de dezembro de 1915, os sete jogadores foram declarados culpados e banidos do futebol para sempre. Lawrence Cook, do Stockport County, também foi condenado e recebeu a mesma punição por sua participação no escândalo.
Caso “Totonero-1980”
65 anos após o escândalo entre Liverpool e Manchester, houve outro caso a abalar o mundo do futebol, desta vez na Itália. Foi o maior escândalo futebolístico do século XX, novamente relacionado a apostas contra as próprias equipas.
Na temporada de 1979/80, rumores de um esquema de corrupção começaram a circular na imprensa italiana. As suspeitas se intensificaram e atingiram o ápice em 23 de março de 1980, durante uma partida entre a Lazio e o Pescara, em Roma. A polícia, já de olho na situação, estava presente no estádio, observando discretamente.
Após o apito final, os jogadores da Lazio, Giuseppe Wilson, Massimo Cacciatori, Bruno Giordano e Lionello Manfredonia, foram chamados ao vestiário dos árbitros, onde policiais os aguardavam. Eles foram presos e levados à delegacia, mas não estavam sozinhos. No mesmo dia, outros sete jogadores e o presidente do Milan, Felice Colombo, também foram detidos. Mais tarde, um outro jogador foi preso, e 20 atletas, incluindo figuras conhecidas como Enrico Albertosi, Paolo Rossi, Giorgio Morini e Giuseppe Savoldi, foram chamados para depor.
Os detidos só conseguiram deixar a delegacia em 3 de abril, após pagarem uma fiança de 115 mil dólares.
O caso foi intensamente acompanhado pela mídia italiana, mas a história começou a se desenrolar meses antes, no inverno de 1980. Os comerciantes Alvaro Trinca e Massimo Cruciani, que haviam organizado apostas ilegais para jogadores, foram à polícia voluntariamente. Eles esperavam lucrar, mas acabaram envolvidos em problemas maiores do que imaginavam e decidiram confessar.
Cruciani revelou que eles criaram uma rede de apostas clandestinas chamada “Totonero”. Na época, a única forma legal de jogo na Itália era a loteria estatal, o que levou empresários e mafiosos a explorar novas oportunidades com maior potencial de lucro. Vários clubes italianos, incluindo Lazio, Milan, Bologna, Juventus, Avellino, Genoa, Napoli, Palermo, Perugia e Taranto, estavam envolvidos no esquema.
Durante o processo, Cruciani forneceu detalhes sobre as apostas, incluindo nomes, valores e datas. Entre os jogadores, Giuseppe Wilson, da Lazio, e Magido Magherini, do Palermo, foram apontados como os principais responsáveis pelo esquema.
As punições foram severas: Lazio e Milan foram rebaixados para a Série B, enquanto Palermo, Bologna, Taranto, Perugia e Avellino começaram a nova temporada com uma penalidade de -5 pontos. O presidente do Milan, Felice Colombo, foi banido do futebol para sempre.
Além disso, 20 jogadores receberam suspensões, com Albertosi (Milan), Pellegrini (Avellino) e Cacciatori (Lazio) sendo banidos para sempre.
Curiosamente, após uma campanha bem-sucedida da seleção italiana na Copa do Mundo de 1982, vários envolvidos foram perdoados, com exceção do presidente do Milan.
Em 1986, outro escândalo semelhante, também apelidado de “Totonero”, veio à tona. Contudo, o maior escândalo de corrupção envolvendo apostas ilegais no futebol italiano ainda estava por vir, já no século XXI.
“Calciopoli”: O Escândalo de 2006
Em 22 de abril de 2006, a Gazzetta dello Sport publicou uma reportagem exclusiva que abalou o futebol italiano. O artigo trouxe à tona transcrições de conversas telefônicas entre Luciano Moggi, então diretor-geral da Juventus, e dirigentes da Associação Italiana de Árbitros. Pouco tempo depois, a Juventus conquistou a Série A, mas a vitória foi seguida por uma série de demissões, incluindo a saída da diretoria do clube e do presidente da Federação Italiana de Futebol, Franco Carraro.
As transcrições revelavam um esquema de manipulação de árbitros para favorecer a Juventus em jogos cruciais. O esquema não era exclusivo da Juventus; dirigentes de clubes como Lazio, Milan, Reggina e Fiorentina também estavam envolvidos. A ideia era garantir que árbitros “favoráveis” fossem designados para jogos específicos, influenciando diretamente os resultados das partidas.
Essa estratégia não visava apenas o sucesso nos campeonatos, mas também o lucro financeiro através de apostas esportivas. À medida que as investigações avançavam, mais detalhes sobre as conexões entre dirigentes, árbitros e o mundo das apostas ilegais surgiam.
Em julho de 2006, as punições foram severas. O Milan perdeu 44 pontos na temporada 2005/06 e começou a próxima com menos 8 pontos. A Juventus, além de ser rebaixada para a Série B, teve o seu título de 2006 retirado e começou a nova temporada com uma penalização de 9 pontos. A Fiorentina foi penalizada com menos 15 pontos, e a Lazio com menos 3 pontos, ambos na Série A de 2006/07. Além disso, esses clubes foram proibidos de participar em competições europeias.
Dirigentes e árbitros também sofreram consequências. O árbitro De Santis foi suspenso por 4 anos e meio, Franco Carraro foi multado em 40 mil euros, e Innocenzo Mazzini, vice-presidente da Federação Italiana de Futebol, recebeu uma suspensão vitalícia. Adriano Galliani, presidente da Liga Nacional de Futebol Profissional, foi suspenso por 5 meses. Já Luciano Moggi, o principal nome do escândalo, foi condenado a 5 anos e 4 meses de prisão em 2011, mas acabou não cumprindo a pena devido à prescrição do crime.
Curiosamente, as transcrições das conversas foram fornecidas pela Telecom Italia, empresa cujo conselho de administração incluía Massimo Moratti, um dos proprietários da Inter de Milão. Além disso, a escuta telefônica foi organizada com a ajuda de um acionista da Pirelli, um dos principais patrocinadores da Inter. Quando Carraro renunciou ao cargo de presidente da Federação Italiana de Futebol, foi substituído por Guido Rossi, também acionista da Inter, que mais tarde se envolveu na Telecom Italia.
Nos anos seguintes, a Telecom Itália esteve envolvida em diversos escândalos de escutas telefônicas, que revelaram a participação de agências de inteligência, como a CIA, e conexões com o Inter de Milão.
Já na década de 2010, Luciano Moggi conseguiu provar o envolvimento da Inter no esquema de manipulação de árbitros, mostrando que o clube também havia se beneficiado do sistema. No entanto, o impacto sobre a Inter foi mínimo, já que os eventos ocorreram anos antes e estavam fora do prazo para qualquer punição.
Calcioscommesse: O Escândalo de 2012
Durante a preparação da seleção italiana para o Euro de 2012, o futebol italiano foi abalado por mais um escândalo de apostas ilegais, conhecido como “Calcioscommesse”. O caso já estava sendo investigado desde 2011 e envolvia jogadores, técnicos e vários clubes das Séries A e B. Tudo começou quando a polícia realizou uma série de buscas e prisões que expuseram um esquema de manipulação de resultados e apostas.
Entre os envolvidos estavam nomes de peso, como os ex-jogadores Cristiano Doni e Giuseppe Signori. A investigação também atingiu Domenico Criscito, defensor da seleção italiana. Devido às constantes idas e vindas ao departamento de polícia, Criscito acabou sendo retirado do elenco para o Euro-2012.
As autoridades descobriram que, em 2011, vários jogos das Séries A e B haviam sido manipulados. A ideia era simples: as equipes combinavam os resultados das partidas e, em seguida, faziam apostas nesses jogos. Até mesmo o técnico da Juventus, Antonio Conte, foi acusado de encobrir o esquema. Conte foi suspenso do futebol, mas mais tarde recebeu uma anistia. O mesmo aconteceu com Stefano Mauri, jogador da Lazio.
No caso de Criscito, as acusações foram retiradas por falta de provas relacionadas ao jogo entre Genoa e Lazio, que terminou em 4 a 2 para a Lazio em 2011.
No entanto, as investigações revelaram o envolvimento de representantes de 21 clubes, que sofreram penalidades na temporada 2012/13. O Atalanta, por exemplo, perdeu 2 pontos e foi multado em 25 mil euros, enquanto o Livorno recebeu uma multa de 15 mil euros.
Além das punições aos clubes, 52 jogadores foram individualmente sancionados. Marco Paoloni foi suspenso por 4 anos, Andrea De Falco por 3 anos e 9 meses, Nicola Ferrari por 3 anos, Cristiano Doni por 2 anos, e Filippo Carobbio por 1 ano e 8 meses.
O escândalo “Calcioscommesse” mostrou mais uma vez a ligação entre o futebol italiano e apostas ilegais, levantando questões sobre a integridade do esporte no país.
Escândalo na Segunda Bundesliga (2005)
Em 2005, o futebol alemão foi sacudido por um grande escândalo de corrupção. E, desta vez, o protagonista não foi um jogador ou um clube, mas o árbitro Robert Hoyzer. Ele montou um esquema para manipular os resultados dos jogos e ganhou nada menos que 2 milhões de euros com isso.
O esquema começou a ser desvendado quando Hoyzer começou a cometer erros escandalosos em duas partidas da Segunda Bundesliga e em um jogo da Copa da Alemanha. Ele estava claramente ajudando terceiros — possivelmente a máfia croata — a lucrar com as apostas.
A história mais chocante aconteceu no início da temporada 2004/05, durante uma partida da Copa da Alemanha entre o favorito Hamburg e o azarão Paderborn. Com o Hamburg liderando por 2 a 0, Hoyzer marcou dois pênaltis questionáveis para o Paderborn e ainda expulsou um jogador do Hamburg. Resultado: Paderborn virou o jogo e venceu por 4 a 2.
A empresa de apostas Oddset percebeu algo estranho e congelou os pagamentos relacionados a essa partida, iniciando uma investigação. O caso ganhou ainda mais força quando Felix Zwayer, um árbitro colega de Hoyzer, revelou à Federação Alemã de Futebol que Hoyzer havia tentado convencê-lo a manipular outros jogos.
O veredicto foi duro: Robert Hoyzer foi condenado a 2 anos e 5 meses de prisão e banido do futebol para sempre. Alguns jogadores também foram implicados, mas seus nomes permanecem em sigilo.
O material foi preparado com o apoio do megapariregistration.com.
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