Robôs substituirão jornalistas? Parece
Pesquisa aponta que robôs já têm desempenho similar a jornalistas, sobretudo na cobertura esportiva
A pergunta do título acima parece piada, mas não é. Se robôs já substituíram o trabalho humano em tantas atividades, isso também acontecerá no jornalismo? Foi o questionamento que instigou a pesquisa de Christer Clerwall, professor assistente de Mídia e Comunicação da Universidade de Karlstad, na Suécia. Infelizmente para a categoria, a resposta é sim.
Estudioso dos impactos da revolução digital sobre o jornalismo, o sueco comparou notícias esportivas curtas escritas por um recém-criado software gerador de conteúdo e por um jornalista do LA Times, de Los Angeles. Foram escolhidas matérias de um jogo da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, ambas com quantidade semelhante de caracteres.
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Cada texto foi apresentado a 46 alunos da graduação que forma jornalistas. Na comparação, eles avaliaram 12 quesitos: se a matéria era objetiva, confiável, precisa, chata, interessante, agradável de ler, clara, informativa, bem escrita, útil, descritiva e coerente. O estudo teve pequena escala, mas foi um bom indicativo sobre o futuro que está por vir.
Incrivelmente, parte dos analisadores não identificou quem elaborou os textos, se o homem ou o robô. “O texto escrito por um jornalista real teve pontuação alta como bem escrito, claro e agradável de ler. Já o texto do software foi bem avaliado como descritivo, informativo, preciso, confiável e objetivo”, compara o estudioso, em entrevista à revista Wired, dos Estados Unidos.
No balanço de Clerwall, o robô se saiu melhor em critérios que garantem credibilidade. Porém, também foi indicado como redator de um texto mais chato. Os resultados, relativamente parecidos, impressionaram o pesquisador. “Eu pensava que o software iria marcar bem pior do que um repórter”, confidencia.
Por enquanto, os algoritmos de softwares de produção de texto jornalístico, usados desde 2014 por veículos como o LA Times, são capazes de elaborar somente notícias curtas, num contexto muito específico. Por exemplo, o que envolve jogos e a implicação de resultados na classificação de um campeonato – noticiário factual que passou a dominar a cobertura esportiva.
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“Para mim que gosto de hóquei no gelo, uma informação rápida com os dados de um jogo em um texto legível às vezes é suficiente”, reconhece o pesquisador, que ainda não credita confiabilidade aos robôs quanto a matérias mais profundas. “O software não é capaz de dar uma opinião ou fazer uma boa crônica sobre um time”.
Se comparado à “trajetória humana” no jornalismo, os robôs ainda engatinham na atividade. Por isso, o céu não é limite, mas sim o próximo degrau. “Os algoritmos estão ficando cada vez melhores. Estou bastante certo de que, em um futuro não tão distante, mais conteúdo jornalístico, e ainda mais elaborado do que hoje, provavelmente será produzido por computadores”, supõe Clerwall.
“Em um futuro não tão distante, mais conteúdo jornalístico provavelmente será produzido por computadores”. (Christer Clerwall)
Como aponta o estudioso, enquanto tratam do texto e de suas abordagens de forma cada vez mais robotizada (especialmente na cobertura esportiva, diga-se), alguns jornalistas-robôs cavam sua própria cova frente ao avanço dos robôs-jornalistas.
> Leia a entrevista original de Christer Clerwall à revista Wired.
Perfil do professor sueco:
www.kau.se/forskare/christer-clerwall
Nesse vídeo, Christer Clerwall fala mais sobre sua tese:
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