Projeto distribui camisas do Atlético-MG a torcedores que vivem nas ruas de BH
O Galo de Rua é um projeto presente no Instagram que ajuda atleticanos em vulnerabilidade social

Para muitos torcedores, é uma satisfação acumular camisas do time de coração. Para um torcedor do Atlético-MG, a alegria está em compartilhar – especialmente com quem não tem uma blusa atleticana para vestir. É o que move o geógrafo mineiro Lucas Abdo, de 30 anos, fundador do projeto Galo de Rua.
Lançado em abril de 2021, o projeto mobiliza torcedores do Atlético-MG para doar camisas do time a pessoas em situação de rua. Claro, eles recebem muito além de camisas de futebol, como alimentos e materiais de higiene. E, nesse caso, os beneficiados podem ser também cruzeirenses.
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Solidariedade
“O foco é ajudar atleticanos em situação de vulnerabilidade social, aquele que nunca sobrou dinheiro pra comprar o manto ou ir aos jogos modernos. Quando alguém torce para o rival, oferecemos os demais itens – roupa comum, chinelo, escova, creme dental e absorventes”, explica Lucas, morador de Belo Horizonte.
O Galo de Rua publica fotos de alguns desses momentos de solidariedade em perfil de Instagram. Com sua base de seguidores, o projeto já conseguiu apoio para distribuir 100 marmitas. E, certa vez, arrecadou quantia suficiente para a compra de 40 camisas para presentear a pessoas em situação de rua.
“Eu já fazia esse tipo de ação há, pelo menos, oito anos. Viajava e voltava com a mochila mais vazia, já que uma boa parte das camisas do Galo ficavam. É uma forma de retribuir o que esse povão já fez pelo Atlético, sobretudo nas décadas de 1990 e 2000 – quando levou o time nas costas”.
Confira abaixo a entrevista com Lucas Abdo.
“Tem muitos relatos de gente que frequentava o Mineirão”
Verminosos por Futebol – Quando o projeto foi lançado? Como veio a inspiração?
Lucas Abdo – A data de criação da conta no Instagram é 11 de abril de 2021. Porém, eu já fazia esse tipo de ação há, pelo menos, oito anos. Viajava e voltava com a mochila mais vazia, já que uma boa parte das camisas do Galo ficavam. A inspiração, sem dúvidas, é meu pai, Jairo Abdo. Lembro de ele tentar converter (alguns com sucesso) amigos meus. Além disso, tive a cultura de arquibancada desde criança. É uma forma de retribuir o que esse povão já fez pelo Atlético, sobretudo nas décadas de 1990 e 2000 – quando levou o time nas costas.Verminosos – Quem está à frente do projeto?
Lucas – O projeto é de idealização minha, mas com cada vez mais pessoas ajudando. Na nossa última ação social, por exemplo, fechamos uma doação de quase 100 marmitas de um restaurante.O Galo de Rua já conseguiu comprar 40 camisas, de uma vez, para doações (Foto: Galo de Rua) Verminosos – Qual é a intenção do projeto?
Lucas – O foco do Galo de Rua é ajudar atleticanos em situação de vulnerabilidade social, aquele que nunca sobrou dinheiro pra comprar o manto ou ir aos jogos modernos. Além disso, é retratar o Atlético em qualquer tipo de arte de rua, que tem tudo a ver com a temática da página. Em outras palavras, é registrar o povão e sua cultura atleticana. A maioria deles é atleticana, mas quando alguém torce para o rival, oferecemos os demais itens: roupa comum, chinelo, escova, creme dental e absorventes, por exemplo. Além disso, quando há marmitas, são pra todos.Verminosos – Quem registra as fotos? Vocês também publicam colaborações de torcedores?
Lucas – A ideia da página é ser colaborativa mesmo. A maioria das fotos são nossas, mas recebemos contribuições de seguidores também e damos os devidos créditos.Verminosos – Por que a escolha por fotos em preto e branco?
Lucas – A fotografia em preto e branco dá uma ideia de contemplação da imagem. Como se ela tivesse sempre algo a mais pra interpretar, isso tem tudo a ver com o projeto. E, claro, são as cores do Galo.“A fotografia em preto e branco dá uma ideia de contemplação da imagem”. (Lucas Abdo)
Verminosos – Quais foram as fotos que fizeram mais sucesso, de acordo com o engajamento?
Lucas – A da bandeira da Galoucura entre as casas da Favela do Morro das Pedras foi a que mais teve engajamento.Verminosos – Houve algum personagem enfocado que, por causa da foto, ganhou algo com a repercussão?
Lucas – Já aconteceu isso. Nós demos uma bandeira para o Raul, um catador de papelão, e ele a pendurou em seu carrinho. Alguns dias depois, uma pessoa influente viu, postou no Twitter e viralizou até encontrar um dentista disposto a fazer o tratamento do Raul.Raul, catador de papelão, foi ajudado por um dentista que se sensibilizou (Foto: Galo de Rua) Verminosos – Você acham que o projeto ajuda, ou ajudará a mostrar, que o Atlético é o clube do povo de Minas, como vocês se autointitulam?
Lucas – Com certeza. A maioria dos assistidos são atleticanos, e isso é porque tomamos o cuidado de ir sem nenhuma identificação para não influenciar na fatídica pergunta sobre o time. A maioria deles é Galo.“A maioria dos assistidos são atleticanos, e isso é porque tomamos o cuidado de ir sem nenhuma identificação para não influenciar”. (Lucas Abdo)
Verminosos – O Atlético tem conhecimento sobre o projeto?
Lucas – Já tentei inúmeras tentativas de contato, mas, até o momento, sem sucesso. Gostaria muito que o Instituto Galo tomasse conhecimento desse projeto.Verminosos – Como é o prazer de ajudar esse atleticanos? E qual o sentimento que percebe neles?
Lucas – Eu sinto que essas pessoas foram afastadas dos estádios de hoje em dia. Vejo o Galo de Rua evoluindo até poder levá-los aos estádios. E, à época que esse público frequentava o Mineirão, o Atlético não era um time de tanto investimento como é hoje. Ou seja, é como se o povão tivesse ao lado do time no pior momento e, agora, num dos melhores momentos da história do clube, não tem condições de ir a um jogo. Antes de fazer as doações, procuro conversar um pouco com as pessoas. E tem muitos relatos de gente que frequentava os antigos portões 9 e 12 do Mineirão.Serviço:
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