O dia em que meu professor parou Pelé
Essa é a história de um professor que conseguiu se aproximar dos alunos quando a turma descobriu que ele já parou o Rei

Quando fazia o 1º ano do ensino médio no extinto colégio Marista Cearense, nos anos 90, havia um professor de Física que a maioria dos alunos rejeitava trocar mais do que duas palavras. Sisudo, nosso mestre raramente sorria. Seu corpo esguio era alvo de brincadeiras. Bastante exigente, suas provas seguiam um ritual militar: quem virasse para o lado era repreendido. Seu nome: Luiz Paes.
Por tudo que ele representava, não era de ser surpresa que os estudantes mantivessem certa distância do professor. Quem fosse visto ao seu lado poderia ser apontado como mais novo CDF, a classificação que destruía a reputação de qualquer jovem na época. Coisa boba de adolescente.
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Certo dia, outro professor de Física nos contou que Luiz Paes havia sido um grande jogador de futebol na década de 1960. Com boa passagem pelo Ferroviário, ele teria parado Pelé em um amistoso contra o Santos, no Presidente Vargas, em 1968, com direito a matéria em jornal e tudo. É claro que precisava conferir aquela história. Afinal, podia ser cumplicidade wntrw professores.
Fui até meu pai e perguntei sobre o professor. “Se lembro de Luiz Paes?! É claro que sim, ele foi um dos maiores zagueiros que vi jogar!”, exclamou. Naquele dia em que o Santos veio a Fortaleza, meu pai estava no PV. A cidade estava em polvorosa com a presença do Santos. Todos queriam ver Pelé.
“Se lembro de Luiz Paes?! É claro que sim, ele foi um dos maiores zagueiros que vi jogar!”
Segundo meu pai, Luiz Paes fez uma partida excepcional. O zagueiro anulou o Rei. Sem conseguir fugir da marcação implacável, Pelé nada pôde fazer, e o jogo terminou em 0 a 0. Festa no PV! Ninguém acreditava que o Ferrim passava incólume pela máquina de fazer gols. Naquele jogo, Luiz Paes se consagrou como um dos melhores zagueiros do futebol cearense em sua época.
Quando cheguei ao colégio, contei a história aos meus colegas. Foi notável a mudança de relação dos alunos que gostavam de futebol com o professor. As caras de aversão deram lugar a de admiração. Todos queriam saber mais sobre aquele grande dia. Todos queriam vê-lo em ação, quem sabe no racha dos estudantes.
Com a mudança de tratamento dos alunos, até o professor ficou diferente. Um sorriso pôde ser visto, certa vez. Saber que Luiz Paes havia sido ídolo dos nossos pais acabou nos aproximando dele.
Em outro momento, novamente o Santos veio a Fortaleza para um amistoso contra o Ferroviário. Luiz Paes não repetiu a mesma atuação e o Ferrim acabou goleado por 5 a 0, com um gol de Pelé. Segurar o Rei uma vez até que dava; duas vezes era praticamente impossível.
> Esse texto foi produzido, originalmente, em 2003, e publicado no portal Noolhar.com, atual O Povo Online.
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Sensacional.
Sensacional! O texto mostra que o saber se instala na interação Professor- Aluno, Aluno o professor. E que a inteligência se constrói na relação com o Mundo.No dia 07/ 08/1968 jogamos bem e PELÉ me prometeu a camisa 10 como presente
bela materia
Obrigado!
Eu como torcedor do Ferrão, que nasci naquele ano 1968, bela história !
Valeu, Roger!