Ex-jogador do Ceará vira um dos cientistas brasileiros mais influentes do mundo
Bicampeão estadual com o Ceará nos anos 50, Dico se tornou o Professor Braz, chegando a ser reitor
Por Wesley Machado
Raimundo Braz Filho nasceu no distrito de Carapió, no município de Pacatuba (CE), em 19 de novembro de 1934. No futebol, Raimundo foi Dico, bicampeão estadual pelo Ceará nos anos de 1956 e 1957. Também jogou no Gentilândia, no Calouros do Ar e no Nacional, todos de Fortaleza.
Dico deixou o futebol, enveredou pela área acadêmica e se tornou o Professor Braz, que chegou a ser reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), em Campos dos Goytacazes (RJ), de 2003 a 2007.
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Referência acadêmica
Em dezembro de 2020, Professor Braz foi eleito entre os 800 cientistas brasileiros considerados os mais influentes do mundo em ranking resultante de um estudo feito pela Public Library of Science Biology, editora sem fins lucrativos dos Estados Unidos.
Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Raimundo Braz Filho é formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Química Orgânica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Na entrevista abaixo, Professor Braz detalha sua trajetória no futebol a partir das lembranças da época de jogador.
Wesley Machado – Como surgiu sua paixão pelo futebol?
Professor Raimundo Braz Filho – Quando praticava futebol ainda garoto jogando no terreiro localizado na frente da residência onde morávamos no Carapió, em Pacatuba.Wesley – Como surgiu o apelido Dico?
Professor Braz – O nome Dico tem origem familiar. Naquela época no Distrito Carapió era relativamente comum o Raimundo ser chamado como Mundico ou Dico (no meu caso).Wesley – Como surgiu sua paixão pelo Ceará?
Professor Braz – Naquela época, costumava acompanhar meu pai para ajudá-lo nas atividades agrícolas. Em uma de suas frequentes viagens pelo interior para atender doentes em estado grave, meu padrinho Francisco das Chagas de Albuquerque e Souza parou o cavalo em frente à nossa residência e, ao saber através de minha mãe que ainda criança tentava ajudar meu pai no trabalho agrícola, questionou por que eu não estava numa escola em Pacatuba. Ao saber que tal objetivo esbarrava em ausência de escola no distrito e dificuldades de acomodação noutro lugar, ofereceu imediatamente hospedagem em sua residência, onde convivi e tive o apoio adicional dos demais membros da família também em Fortaleza, possibilitando o acesso a uma etapa decisiva da minha atividade estudantil.Padrinho Chagas mudou-se para Fortaleza, quando assumiu um cargo no Centro de Despachantes durante o governo do seu irmão Faustino de Albuquerque e passou a residir numa casa localizada numa rua vizinha do campo de futebol do Ceará, quando acompanhei com relativa frequência os seus treinamentos semanais. Em Fortaleza, conclui o Curso de Admissão e durante o período de férias frequentei mais um mês de aulas num programa complementar para tentar uma vaga no curso ginasial do Liceu do Ceará. A grande concorrência por matrícula naquela conceituada instituição de ensino público e gratuito produziu, obviamente, uma semana de expectativa e incerteza após a conclusão dos exames. Felizmente, na publicação do resultado encontrei o meu nome entre os aprovados. No Liceu do Ceará conclui os Cursos ginasial (4 anos) e científico (3 anos), de 1949 a 1955.
No último ano do Liceu do Ceará passei a morar na residência da Dona Naninha, amiga do meu pai Raimundo Braz de Souza, no bairro Montese, depois numa pensão no Joaquim Távora, onde tive a oportunidade de jogar no Nacional (time dos Correios e Telégrafos de Fortaleza, e também passei a jogar no time do Nash, time suburbano do Joaquim Távora.
O Lima, treinador do Nash, encontrou Dionísio, diretor de esporte do Ceará, e falou sobre a minha habilidade como jogador de futebol. Assim, o Dionísio foi estimulado para convidar-me para jogar no Ceará, morando na sede e com direito a alimentação. A aceitação foi imediata, onde permaneci residindo até o final de 1958, período que permitiu conhecer minha atual e querida esposa Maria Maronci Monte Braz. Durante o ano 1958, eu e o colega/amigo José Braga Paiva estudamos para o vestibular do curso de graduação em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Conquistei o 2º lugar e Paiva, o 5º. Em 1959, primeiro ano do Curso de Agronomia, passei a jogar no Calouros do Ar, time da Força Aérea em Fortaleza. Em 1960, conquistei uma bolsa de iniciação científica da Comissão Central de Pesquisa da UFC e encerrei as atividades profissionais futebolísticas no Calouros do Ar, já que se tornou inviável a conciliação de tal atividade envolvendo treinos e jogos com a dedicação obrigatória da bolsa de iniciação científica. O presidente do Gentilândia, time também da primeira divisão, tomou conhecimento da minha decisão e convidou-me para jogar sem a necessidade dos treinamentos semanais. Assim, joguei mais um ano e encerrei as minhas atividades profissionais como jogador de futebol no final de 1960.
Wesley – Quais os anos e quais as lembranças que o senhor tem dos títulos de campeonatos que conquistou com o Ceará?
Professor Braz – O bicampeonato do Ceará no Campeonato Cearense em 1956 e 1957 foi sensacional, mesmo não sendo titular absoluto, mas sempre relacionado em todas as partidas como titular ou como reserva.Wesley – Qual a melhor lembrança o senhor tem do futebol?
Professor Braz – O bicampeonato do futebol cearense em 1956 e 1957 e os jogos pela Seleção Universitária Cearense.Wesley – Atualmente o senhor ainda assiste futebol e acompanha seu Ceará?
Professor Braz – Continuo assistindo futebol, sempre que possível pela disponibilidade de tempo, como torcedor do Ceará e do Flamengo.> O jornalista Wesley Machado, de Campos dos Goytacazes-RJ, colabora com o Verminosos por Futebol desde 2013, sendo autor do post mais lido do site, “Times amadores capricham nos nomes”, de 2015, com mais de 800 mil visualizações.
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