Em 1984, quando a internet era ficção científica, revistas eram também redes para socializar-se com o mundo. Foi assim que o espanhol José Luís Carreira Pérez, então com 17 anos, usou a seção de correspondência de uma publicação para conversar com um menino da Itália. A proposta do garoto? Uma troca de cartões postais de estádio da cidade de cada um.

“Mandei um postal do estádio Riazor (de Corunha) e ele me enviou três: do Friuli, de Udine; do Prater (atual Ernst Happel), de Viena; e o de Bérgamo (Atleti Azzurri d’Italia). Nessa época, comecei a colecionar”, relembra José Luís, hoje com 55 anos.

Motivado pela primeira troca, o espanhol pegou gosto. Ele escreveu para todos os endereços semelhantes que conseguiu e contratou anúncios em páginas de classificados de diversas revistas. “Cheguei a receber quase 40 cartas em um único dia”, descreve.

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Coleção gigante

Hoje em dia, José Luís é possivelmente um dos maiores colecionadores de postais de estádios no mundo. São cerca de 25 mil, sendo 18,5 mil originais e o restante produções privadas. “Os postais com vistas antigas ou em preto e branco são os mais valiosos”, explica o coordenador de vendas de uma empresa de alimentos.

Na coleção, o país mais presente são os Estados Unidos, com 3 mil postais. Depois, Espanha, com 2,8 mil. A seguir, Itália, Brasil e Alemanha, descreve José Luís. “Acho que tenho um postal de quase todos os países: de Papua Nova Guiné a Nova Zelândia”.

“Cheguei a receber quase 40 cartas em um único dia”. (José Luís Carreira Pérez)

Como comprar

Atualmente, é possível adquirir postais de estádios em lojas de clubes, além de lojas de souvenires e antiquários. É uma mania que sobrevive à popularização da fotografia digital. “Existem muitos colecionadores na Europa”, garante o espanhol, morador da cidade de Corunha.

A coleção de José Luís não tem limite, já que ainda se publicam postais de estádios, embora em menor volume. Além disso, ele segue a procura de edições dos anos 70 a 90. “É impossível chegar a tudo. O mundo é muito grande”, constata. Ainda bem, pois a caçada não pode parar.