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Este senhor materializou QUASE TODAS as camisas clássicas de times brasileiros dos anos 90

Roberto Diniz resgata seu papel fundamental na popularização da sublimação em camisas de futebol

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Roberto Diniz trabalha no ramo da sublimação desde os anos 70 (Foto: Acervo pessoal)
Roberto Diniz trabalha no ramo da sublimação desde os anos 70 (Foto: Acervo pessoal)

Sabe o que têm em comum as clássicas camisas do Bragantino da Dellerba, do Cruzeiro com estampa de estrelas brilhantes e do Corinthians com o nome do time formando suas listras? Apesar de terem sido produzidas por empresas esportivas diferentes, todas elas foram materializadas por uma mesma pessoa.

Essa é a história de Roberto Diniz. O paulistano, hoje com 71 anos, nunca trabalhou numa fornecedora de uniformes, nem em clubes. Mas teve um papel fundamental na popularização do uso da sublimação na produção de camisas de futebol no país, o que permitiu o surgimento de centenas de designs que marcaram época.

“Eu diria que 95% das camisas de times produzidas no país entre 1985 e 1996 passaram pelas minhas mãos”, arrisca. Poucos conhecem a trajetória de Roberto, mas proprietários e gestores de empresas da época, ouvidos pelo Verminosos por Futebol, confirmam: o futebol brasileiro teria sido bem diferente sem ele.

Vendedor por formação, Roberto dirigiu o setor comercial das duas empresas pioneiras no país no ramo de sublimação, a transferência de tinta de papel para tecido através de calor. Inicialmente na Transfer Schucman, a partir dos anos 70, e depois na Color Prints, a partir dos anos 80, ambas de São Paulo.

“Eu diria que 95% das camisas de times produzidas no país entre 1985 e 1996 passaram pelas minhas mãos”. (Roberto Diniz)

Essas empresas dominavam um serviço que as empresas que forneciam material esportivo para clubes não tinham know-how: a execução dos designs em tecido. “Fomos parceiros de todas as marcas da época”, resgata o empresário, hoje proprietário da Fenix, especializada em sublimação. “Foram todas mesmo!”, reforça.

Essas camisas do Bragantino, do Cruzeiro e do Corinthians marcaram época (Foto: Reprodução)
Essas camisas do Bragantino, do Cruzeiro e do Corinthians marcaram época (Foto: Reprodução)

O começo dessa história

Antes, é preciso contextualizar. Até os anos 80, as camisas de futebol eram produzidas com algodão – como sempre foi desde os primórdios. Isso trazia um prejuízo: quando suadas, elas podiam mais que dobrar de peso. “Os jogadores perdiam 3kg a 4kg por jogo, mas houve registro de quem perdeu 6kg”, relembra Roberto.

O desenvolvimento de tecnologias para evolução da performance esportiva chegou ao poliester, um tecido artificial, como alternativa para o algodão nos uniformes. A novidade trouxe um benefício. No futebol, isso tornou possível aos fabricantes inovar nos desenhos, acostumados a um tradicionalismo quase secular.

No Brasil, indica Roberto, uma pequena empresa paulistana foi a pioneira na revolução do design de camisas de futebol. Em 1985, a CCS incorporou a técnica da sublimação em sua produção. Inicialmente em parceria com a Transfer Schucman, depois com a Color Prints, empresa que virou referência nacional nesse serviço.

“O Oscar, da CCS, foi quem primeiro trabalhou com isso no país. Ele criava os designs, às vezes a gente até colaborava com os desenhos, mas o nosso papel era executar a impressão no tecido. Um trabalho muito delicado e difícil de se fazer, porque os tons das cores precisavam ser exatos”, revive Roberto.

“O Palmeiras, por um acaso, mudou a cor da camisa. Não souberam fazer o tom do verde, e aí saiu um verde abacate. Eu sei quem errou. Foi um acidente, mas que acabou ficando durante alguns anos”.

As camisas de futebol com grafismos e estampas fizeram muito sucesso. Logo a CCS expandiu a produção de uniformes para clubes de outros estados. A boa recepção entre jogadores e torcedores, por tabela, gerou fama para a técnica da sublimação. Na virada dos anos 80 para 90, o futebol se carnavalizaria.

A camisa do Vitória de 1993 foi a mais marcante da paulistana CCS (Foto: Reprodução)
A camisa do Vitória de 1993 foi a mais marcante da paulistana CCS (Foto: Reprodução)
A Color Prints dominou a sublimação para clubes entre os anos 80 e 90 (Foto: Acervo pessoal)
A Color Prints dominou a sublimação para clubes entre os anos 80 e 90 (Foto: Acervo pessoal)

Novos parceiros

Parceira da CCS, a Color Prints passou a fornecer sublimação para marcas esportivas como Finta, Dellerba, Penalty, Topper, Rhummel, Umbro… “Algumas empresas resistiram em adotar o poliester, pois achavam que o tecido não era adequado a um país tropical. Era quente e cheirava mal, mas ele foi evoluindo”, conta.

“Algumas empresas resistiram em adotar o poliester, pois achavam que o tecido não era adequado a um país tropical. Era quente e cheirava mal, mas ele foi evoluindo”.

Parte das fornecedoras incorporaram, também, a criatividade permitida pela sublimação. Alguns clubes eram mais conservadores, permitindo o desenho de camisas diferentonas somente no 3º modelo. Outros eram mais modernistas. “A Finta fazia muitas camisas malucas para o Cruzeiro. Em todas, tivemos participação”.

Uma das mais marcantes foi a camisa com estampa de estrelas brilhantes, que Ronaldo Fenômeno vestiu em seu início de carreira. Essa e outras blusas, como a do Bragantino vice-campeão brasileiro em 1990 e a do Corinthians com listras formadas pelo nome em 1993, existiram graças também a Color Prints.

“Washington Olivetto levou todo o mérito por aquela camisa, foi uma criação dele, mas eu estive lá na empresa dele, ajudando o designer, um uruguaio, por exemplo sobre o tamanho ideal para os desenhos”, relembra. “Pena que a camisa só foi usada em um jogo. Deu a maior confusão com a Marlene Matheus”.

Se alguns desenhos rendiam polêmica nos clubes, um público era fiel às extravagâncias: os goleiros. “Na época eram muito comuns as camisas de goleiro diferentes. Fizemos coleções maravilhosas para Taffarel, Ronaldo, Zetti e Rogério Ceni”, lista Roberto. “Diziam que eles pareciam palhaços”, diverte-se.

Roberto Diniz mostra como funcionava o processo de sublimação de uma camisa (Foto: Acervo pessoal)
Roberto mostra como funcionava o processo de sublimação de uma camisa (Foto: Acervo pessoal)
Roberto Diniz teve contato com alguns craques por causa do trabalho (Foto: Acervo pessoal)
Roberto Diniz teve contato com alguns craques por causa do trabalho (Foto: Acervo pessoal)

Atuação no presente

Depois de quatro décadas atuando no ramo de sublimação, e da passagem por três empresas do segmento, Roberto Diniz abriu seu negócio próprio em 2013: a Fenix, com sede na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. Segue trabalhando com sublimação, mas seu foco já não são mais fornecedoras esportivas e clubes.

“Não compensa mais. Esse processo consome muita matéria prima, muita tinta. Ainda faço alguns trabalhos para clientes que viraram amigos, mas só quantidades pequenas”, explica o empresário, que no momento da entrevista fazia a entrega de carga de 20 mil camisas para uma marca que atende ao Remo.

Do seu tempo de futebol, Roberto guarda algumas fotos com ídolos, registradas em lançamentos de camisas em que teve participação na sublimação. Também colecionava blusas, até que a esposa o convenceu a fazer uma doação com cerca de 200 peças a uma escolinha. “Ela estava sem espaço para guardar roupas”, ri.

Hoje em dia, a moda do futebol anda bem diferente dos tempos em que a Color Prints era a parceira de sublimação preferida das fornecedoras. “Agora é tudo tecido liso. Quando querem inventar nos desenhos, é na camisa 3, em busca de vender”, registra Roberto, que considera o design atual muito comportado.

“Atualmente, a Nike faz umas camisas horrorosas. Já a Adidas não muda, é sempre a camisa com três listras”.

“Ninguém mais usa aquelas camisas fantasia”, observa o torcedor corintiano. Apesar disso, o homem co-responsável por algumas das camisas mais loucas da história do futebol brasileiro prefere justamente o contrário – o respeito à tradição. “Eu via como uma oportunidade de negócio. Agradeço a Deus por ter existido isso”. Quem diria.

O futebol brasileiro não seria o mesmo sem a contribuição de Roberto Diniz (Foto: Acervo pessoal)
O futebol brasileiro não seria o mesmo sem a contribuição de Roberto Diniz (Foto: Acervo pessoal)

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