Quando se aproxima de São Januário, Caíque se sente uma estrela. Por jogo, posa em pelo menos 20 fotos com desconhecidos. Folclórico torcedor do Vasco, ele ficou famoso após ser focalizado pelas câmeras de TV se benzendo com uma plantinha. Naquele dia, o time conseguiu uma incrível virada de 4 a 3 sobre o Palmeiras. Foi o suficiente para muitos supersticiosos creditá-lo o título da Copa Mercosul de 2000.

Desde então, e a partir de 2007 com a palavra “fé” escrita num plaquinha pendurada no pescoço, Carlos Henrique do Nascimento se tornou celebridade. O carioca humilde de Nova Iguaçu ganhou status de amuleto graças ao “raminho de arruda”. “Quando me veem, muitos dizem para os amigos ou parentes: ‘Olha, é o cara da TV'”. Isso é gratificante”, relata o ajudante de obra, de 46 anos.

Curiosamente, a mania iniciou por acaso. Na época da decisão, o estádio Parque Antarctica possuía plantas entre o gramado e a arquibancada. Tenso com a derrota por 3 a 0 ainda no 1º tempo, Caíque se esticou para pegar um raminho. E com um copo d’água na outra mão, passou a se benzer até o fim do jogo. A cada gol, as câmeras focavam nele.

“Eu não percebi que estava aparecendo na TV. Como não tinha celular, só fui saber de toda a repercussão quando voltei ao Rio de Janeiro”, diverte-se o torcedor. Para muitos, foi ele o responsável pela vitória histórica. “Os vascaínos me agradecem dizendo que dei sorte”.

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Já com mais de uma década de tradição, uma confidência. A planta que carrega nos jogos não é arruda – erva que, segundo crença popular com raiz africana, afastaria o mau-olhado. “Pego um galho qualquer quando vou para o estádio”, admite Caíque, que também esteve com seus símbolos de superstição no título da Copa do Brasil de 2011, contra o Coritiba, no Couto Pereira.

E apesar da palavra de confiança no peito, nem mesmo católico praticante ele é. “Minha mãe vive dizendo pra eu ir à igreja. Vou confessar uma coisa: não sou muito de rezar. Mas pelo Vasco, peço a vitória à Nossa Senhora com toda a fé”, conta Caíque. Os vascaínos ao seu lado na arquibancada, além dos milhares que sempre o veem na telinha, reforçam a figa.

“Quando me veem, muitos torcedores dizem para os colegas ou parentes: ‘Olha, é o cara da TV’”. Isso é muito gratificante”. (Carlos Henrique do Nascimento)

Relembre a final da Copa Mercosul de 2000:

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