Uma homenagem ao pesquisador Airton Fontenele
Morreu nesta segunda-feira (5) o pesquisador cearense Airton Fontenele, de 92 anos, especializado em dados sobre a seleção brasileira
Conheci Airton Fontenele em 2003, quando fazia estágio curricular no jornal O Povo. Ao longo desses anos, voltamos a nos falar várias vezes.
Num tempo em que repórter de impresso/online saía da redação para entrevistas, uma vez Airton trancou a porta de casa e me impediu de voltar para escrever o texto. Acabei almoçando no meio da pauta, com ele e a filha. Era um senhor que adorava conversar com quem curte futebol.
Em 2008, fiz mais uma visita para conhecer com calma seu acervo de livros. Na parede, uma coleção de autógrafos de gente do futebol e do jornalismo que havia passado por seu escritório-museu. E minha assinatura lá no meio, ao lado de alguns ídolos! Na época, Airton tinha 81 anos. Pedi para registrar as fotos desse post, que guardei com carinho.
Na partida dele, fica a saudade e meu orgulho de saber que uma fonte querida virou leitor fiel.
O pesquisador que mudou estatística da Placar
Airton Fontenele, pesquisador de futebol e autor de oito livros sobre a seleção brasileira, foi um dos primeiros entrevistados do Verminosos por Futebol, no nosso lançamento em 2012. Confira a conversa.
Verminosos por Futebol – Quando você passou a gostar de futebol?
Airton Fontenele – Foi na Copa do Mundo de 1938, no dia 5 de junho, no jogo do Brasil contra a Polônia. O Brasil ganhou da Polônia por 6 a 5 na prorrogação, e o destaque foi Leônidas da Silva. Em 1986, muito tempo depois portanto, tive uma polêmica com a Placar, pois eu garantia que Leônidas tinha feito três gols, e não quatro como afirmava a revista. Passados oito anos, a Placar corrigiu a informação.
Verminosos – Você jogava futebol?
Airton – Eu era perna-de-pau, desde cedo vi que tinha mais jeito para ficar fora de campo. Jogar era com meu irmão, o Zé Cândido, que jogou por Penarol, América, Fortaleza e Gentilândia.
Verminosos – Então você o acompanhava das arquibancadas?
Airton – Quando comecei a ir a jogos, nem existia o estádio Presidente Vargas, que surgiu em 1941. Ainda peguei os últimos anos do Campo do Prado, que funcionou até 1941. Na época nem havia grama, essa modernidade só veio com o PV.
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Verminosos – Quando você começou a carreira de pesquisador?
Airton – Em novembro de 1938, quando comecei a colecionar matérias. Eu recortava e fazia meus álbuns. Me tornei um pesquisador e historiador por causa das revistas Sport Ilustrado e Globo Esportivo. Hoje tenho centenas de livros, revistas e fitas VHS, além de álbuns artesanais com recortes.Verminosos – Você atuou na imprensa esportiva?
Airton – Sim, comecei em 1947, no jornal O Goal. Eu ouvia os jogos do campeonato do Rio de Janeiro, e fazia uma síntese. Também fazia crônicas, sendo a primeira em 15 de novembro de 1947. Nesse texto, defendia que o Brasil precisava de um grande estádio. Ao todo, já publiquei 3 mil colaborações na imprensa esportiva cearense e nacional.“Em 1986, tive uma polêmica com a Placar, pois eu garantia que Leônidas tinha feito três gols, e não quatro como afirmava a revista. Passados oito anos, a Placar corrigiu a informação”. (Airton Fontenele)
Verminosos – Quais as estrelas do futebol que você conheceu?
Airton – Em 1993, no Rio, encontrei dois antigos ídolos: Domingos da Guia e Ademir de Menezes. Foi nas eliminatórias da Copa de 1994, quando fazia campanha pela convocação de Romário. Eu estava certo… Em 1995, fui a Zurique e encontrei o então presidente da Fifa, João Havelange, amigo de longa data, com quem troco correspondências. Uma vez o recebi aqui em minha casa.Verminosos – Quais outras personalidades você recebeu em seu museu particular?
Airton – Nilton Santos, Bellini, Didi, Dunga, Jairzinho, Jorginho, Zizinho e Roberto Dinamite. Além deles, João Saldanha, a quem dei o nome do museu particular de minha propriedade. Espero continuar recebendo celebridades e ídolos do futebol.Siga o Verminosos por Futebol:
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