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Ele já viu 3 mil partidas em 200 estádios: as histórias do criador do Jogos Perdidos

Fernando Martinez, jornalista do site Jogos Perdidos, costuma assistir a 150 jogos em estádios por ano

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Fernando viu o jogo de nº 3.000 na vida em 2019: São Bernardo x Linense (Foto: Acervo pessoal)
Fernando viu o jogo de nº 3.000 na vida em 2019: São Bernardo x Linense (Foto: Acervo pessoal)

Certa vez, ele foi ameaçado de morte e teve de sair do estádio pulando o muro. Não se trata de um jogador, nem técnico, muito menos árbitro e nem integrante de torcida organizada. Foi mais uma das loucas histórias vividas pelo jornalista Fernando Martinez, fundador do site Jogos Perdidos.

Você acha que gosta de futebol? Possivelmente, não tanto quanto ele. Fã de jogos de futebol in loco, Fernando acumula uma incrível jornada com mais de 3 mil partidas vistas em estádios. Mais precisamente 3.079, até o início da pandemia da Covid-19, quando os torneios no Brasil foram suspensos.

Em suas contas, Fernando esteve em 211 estádios de 123 cidades, em 11 estados e quatro países – sempre em jogos, com 713 times diferentes. Se contabilizar visitas em dias sem partidas, a listagem passa de 300 estádios, estima. Ele é o que se chama, na Europa, de groundhopper – algo como “visitante de campos”.

“Eu prefiro ir em estádio quando tem alguma partida, pois, apesar de ser legal conhecer um campo, vejo muito mais graça com a bola rolando”, conta Fernando, paulistano de 44 anos. Ao todo, são cerca de 150 jogos por ano que ele confere presencialmente.

Entre os jogos vistos, Coreia do Norte x Rússia, pelo Mundial Sub-17 de 2015, em Concepción (Foto: Acervo pessoal)
Coreia do Norte x Rússia, pelo Mundial Sub-17 de 2015, em Concepción (Foto: Acervo pessoal)

E aí veio o Jogos Perdidos

Fernando tem uma relação com futebol desde cedo. Filho de um corintiano fanático, foi levado ao Parque São Jorge com três dias de nascido. Mal aprendeu a andar, bateu bola no gramado do Pacaembu. E, ainda criança, fez sua estreia em arquibancadas num duelo do Corinthians no Canindé.

A paixão por futebol o levou ao jornalismo e a criar o site Jogos Perdidos, em 2004. A ideia: cobrir partidas sem tanta atenção da mídia esportiva. “Começamos com oito pessoas. Hoje sobraram cinco, mas só eu escrevendo regularmente há seis anos”, descreve. “Certamente, o site ampliou o que eu já fazia”.

“Eu prefiro ir em estádio quando tem alguma partida, pois, apesar de ser legal conhecer um campo, vejo muito mais graça com a bola rolando”. (Fernando Martinez)

A especialidade da página são os jogos do futebol paulista. Com uma média de duas a três partidas vistas por semana, Fernando conheceu boa parte de seu estado. “Já tive períodos em que via seis jogos num fim de semana, mas hoje seguro um pouco mais a onda”, diverte-se o morador da capital.

Dos 90 clubes das quatro divisões do Estadual, o jornalista já visitou 71 estádios. “Planejava ir a 16 dos 19 restantes durante a Segundona Paulista deste ano, a 4ª divisão local, assim como em jogos do Estadual Sub-20, mas por conta da pandemia o cronograma infelizmente ficou para depois”.

Um dos estádios mais incríveis que Fernando conheceu: El Cilindro, do Racing (Foto: Acervo pessoal)
Um dos estádios mais incríveis que ele conheceu: El Cilindro, do Racing (Foto: Acervo pessoal)

O que traz dos estádios

Nessa trajetória, Fernando conheceu muito estádio legal. Dentre os mais interessantes, cita o El Cilindro, do Racing, da Argentina (“Magistral e maravilhoso”), e o Kléber Andrade, em Cariacica-ES (“Tem uma arquitetura única”). Ambos são grandes, mas o jornalista curte mesmo é arquibancada acanhada.

“Gostei do Otacília Patricia Arroyo, em Monte Azul Paulista, e também do saudoso Estádio Capelão, na Capela do Socorro, que foi a primeira casa do Barcelona paulistano. Ficava do lado da represa Billings e era minúsculo, quase todo composto por arquibancadas tubulares”, relembra.

“Já tive períodos em que via seis jogos num fim de semana, mas hoje seguro um pouco mais a onda”. (Fernando Martinez)

Dessas viagens, Fernando guarda os ingressos, que recebe entrando como imprensa, e também camisas que adquire. “Camisas são um registro vivo da história. Não me considero um grande colecionador, mas já tenho cerca de 800, sendo que umas 200 bastante raras”, arrisca o corintiano de nascimento, hoje torcedor do Nacional da Barra Funda.

Mas a vida boleira não é só flores. Para ir a tantos jogos, Fernando já encarou muitos perrengues. O mais tranquilo foi ver partidas dentro do carro numa espécie de “drive in”, em estádios onde o estacionamento fica ao lado do campo, em virtude de chuva. Já houve, porém, situações mais pesadas.

Fernando é um corintiano de origem que hoje torce pelo Nacional da Barra Funda (Foto: Acervo pessoal)
Fernando é um corintiano de origem que hoje torce pelo Nacional (Foto: Acervo pessoal)

As maiores enrascadas

Cidade pequena sabe quando alguém é forasteiro. Em futebol, isso pode ser particularmente perigoso. “Quando vou em algum estádio no interior paulista e o pessoal não me conhece, sempre acham que sou da imprensa da cidade do time visitante, o que rende xingamentos e ameaças. Já tive de sair escondido mais de uma vez”, resgata.

Ser da imprensa “visitante” é o de menos. “Já fui confundido como árbitro em Suzano (SP), e como dirigente várias vezes”, continua. Teve ocasião, ainda, em que ele se sentiu no lugar errado, na hora errada. “Vi jogo com rajadas de metralhadora ao fundo em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense”.

Já a ameaça de morte, do início do texto, foi em Mogi das Cruzes (SP). Um dirigente cismou com a presença de Fernando fazendo fotos em campo. “Ele disse que ‘não tinha me autorizado’, e respondi que não precisava autorizar. A partir disso, ele foi aumentando as ofensas até que passou a me ameaçar. Foi pesado”, lamenta.

Porém, a maioria dos passeios de futebol – ressalta Fernando – são experiências tranquilas e que ficam guardadas na memória. Como a solidariedade que vivenciou num jogo da 5ª divisão argentina, entre Berazategui e Deportivo Laferrere, em 2016. Melhor abrir a aspa inteira:

“Eu não sabia, mas o Berazategui estava proibido de vender ingressos e os bilhetes eram exclusivos aos sócios. Passei um tempão tentando encontrar uma forma de ver o jogo, e por sorte o rapaz que cuidava do estacionamento, coincidentemente um dirigente, se solidarizou comigo e, mesmo sem poder, me colocou para dentro. Era uma segunda-feira, com sensação térmica de dois graus e muita chuva. Detalhe: o estádio estava lotado”.

O jogo mais "perdido" que já viu na vida, pela 5ª divisão argentina (Foto: Acervo pessoal)
O jogo mais “perdido” que já viu na vida, pela 5ª divisão argentina (Foto: Acervo pessoal)
Orgulho de dar vez aos pequenos

Hoje em dia, Fernando Martinez e seu site já se confundem. Não dá pra saber mais se ele é louco por jogos por causa do Jogos Perdidos, ou se o Jogos Perdidos existe porque ele é louco por jogos. Com a parada do restante da equipe, quem passou a fazer companhia nas viagens foram seus leitores.

“A equipe do Jogos Perdidos se uniu basicamente pela mesma paixão. Como eles estão meio ausentes, tem um pessoal que virou amigo recente e que vai comigo a essas partidas. Boa parte deles se tornou próxima por causa do trabalho que faço no blog”, agradece o editor-chefe.

“Tem um pessoal que virou amigo recente e que vai comigo a essas partidas. Boa parte deles se tornou próxima por causa do trabalho que faço no blog”. (Fernando Martinez)

Em cerca de 75% das partidas que acompanha, aponta Fernando, ele é o único membro de imprensa presente na cobertura. Suas matérias trazem o relato completo e fotos do momento, algo que já é incomum mesmo entre clubes médios e veículos tradicionais.

“Essa é uma forma de dar vida e voz a times, jogadores e campeonatos que têm pouco ou quase nenhum destaque na mídia especializada. É uma grande responsabilidade seguir com esse trabalho”, constata. Ao que tudo indica, sua planilha de jogos vistos ainda vai ganhar muitas linhas.

Um orgulho: a cobertura da final da Copa do Mundo Sub-17 de 2019, Brasil 2x1 México (Foto: Acervo pessoal)
Um orgulho: a cobertura da final do Mundial Sub-17 de 2019, Brasil 2×1 México (Foto: Acervo pessoal)
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