Ter um jogo com público zero nem é tão novidade. Um mesmo time ter duas partidas sem torcedor num mesmo campeonato já é raridade. Imagina três? Pois o Nova Russas, da 3ª Divisão do Cearense, teve foi quatro – e seguidos! Mesmo assim, quem diria, o clube está na final do torneio.

Quase o Nova Russas chegou à decisão sem nenhum ingresso vendido, o que representaria um feito insólito. Na primeira fase da Terceirinha, o clube disputou um jogo em casa; na segunda, mais três. Foram quatro vitórias, sobre Aliança de Pacatuba, Jardim, Iguatu e Paracuru, mas só os jogadores comemoraram. Todos os ingressos acabaram devolvidos.

Nas semifinais, enfim, houve venda de entradas. Na vitória do Nova Russas sobre o América por 5 a 2, no domingo passado, foram 25 torcedores na arquibancada, com arrecadação de R$ 141.

Essa baixa presença de público tem explicação. Sem poder usar seu estádio, vetado pelos órgãos de segurança, o Nova Russas, fundado em 2008, está mandando jogos em Sobral, distante 150 quilômetros da cidade-sede.

“Na semifinal, algumas pessoas de Nova Russas que moram em Fortaleza deram um jeito de ir a Sobral”, conta o representante do clube na Federação Cearense de Futebol (FCF), Orzete Matos. Agora o mando de campo na decisão, no próximo domingo, será o estádio Presidente Vargas, na Capital, distante 360 quilômetros.

Mesmo assim, a média de cinco torcedores por jogo do Nova Russas não é a pior. O Jardim teve quatro e o Paracuru, três. A média de público da Terceirinha é de apenas 46 torcedores por jogo. A média de renda, de R$ 317.

Esses números são justificativa para proposta do presidente do Maguary, Aguiar Júnior, de unir as 2ª e 3ª divisões do Cearense. “Fazer futebol com tão pouco torcedor na arquibancada é inviável financeiramente”, defende.

Por enquanto, a FCF não tem intenção de mudar esse panorama de três divisões, iniciado em 2004. Jogar sem torcida pode até ser inviável financeiramente. Mas não é garantia de derrotas. O Nova Russas que o diga.