Pai de Mircela fez mil viagens acompanhando o Alecrim
Famoso por colocar o nome da filha como Mircela (Alecrim ao contrário), Normando é um ídolo da torcida
Essa é uma das histórias mais folclóricas do futebol brasileiro. Era uma vez um torcedor louco pelo Alecrim. Ao ponto de homenagear o clube no nome da filha. Para não arrumar encrenca com a esposa, ele inverteu a ordem das letras e, assim, nasceu Mircela. Agora José Normando Bezerra vive a expectativa de atingir outro feito, três décadas depois: a milésima viagem com o time.
Até 2013, eram cerca de 950 jogos fora de casa. Para um clube com participações esporádicas no Campeonato Brasileiro – apenas 10 desde a Taça Brasil –, é uma marca inacreditável. “Já vi jogos por todo o Rio Grande do Norte, em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus”, enumera o professor, que acompanhou quase todas as mil viagens da organizada Fiéis Esmeraldinos Radicais (Fera).
A torcida, fundada em 1977, é a mais antiga do estado. Entre seus integrantes, Normando virou um ídolo tanto quanto os maiores jogadores da história do clube, depois que teve a ideia do nome da filha. Foi em 1986, ano da última participação na Série A. “Dei sorte porque o Alecrim é o único time em que ao contrário o nome fica bonito”, constata.
Mircela Aline Cabral Bezerra hoje mora no Amazonas, e não virou torcedora do Alecrim. Mas nunca reclamou do nome, assim como a mãe. “Algumas pessoas dizem Marcela, Mirela, Micaela. Quando falo que é Mircela, todo mundo acha bonito. Mas quando eu digo que foi em homenagem ao Alecrim, as pessoas criticam”, conta Normando, de 61 anos, torcedor há 49.
“Dei sorte porque o Alecrim é o único time em que ao contrário o nome fica bonito”. (José Normando Bezerra)
Por ironia, depois da Mircela pioneira, já surgiram cerca de outras 10, pelas contas do professor. “Vários torcedores do Alecrim fizeram igual”, vangloria-se. Um deles foi além. Sete anos depois, nascia Mircela Alecrim. No futebol é assim, descobriu Normando: a loucura de um sempre pode ser superada por outro.
(*) A entrevista que serviu de base para esse texto foi concedida para o livro Raízes do Mito, de Daniel Rosa e Isabela Fernandes Rosa.
Clube: Alecrim Futebol Clube
Fundação: 15/8/1915
Estádio: Ninho do Periquito (5 mil lugares), em Natal-RN
Títulos: 7 do Potiguar (1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985 e 1986)
Nacionais: Taça Brasil (1964 e 1965), Série A (1986), Série B (1972 e 1983), Série C (1988, 1995 e 2010) e Série D (2009 e 2011)
Curiosidades: O ex-presidente da República Café Filho (1954-1955) foi goleiro do time, em 1918 e 1919; e Garrincha vestiu a camisa da equipe em amistoso contra o Sport, em 1968
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Mircela! Hehe! Essa é boa!