A tabela de classificação do Campeonato Moçambicano de Futebol, o Moçambola, soa engraçada para quem entende português. Seis dos 12 clubes da edição de 2023 compartilham o mesmo nome: Ferroviário. É a curiosa história da liga de Moçambique, no sudeste da África.

E não são somente esses Ferroviários no país. Existem dezenas de outros, em todas as 11 capitais provinciais, em competições distritais e até mesmo em nível de bairros.

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Influência ferroviária

Tem motivo. Os Ferroviários do país surgiram da força da indústria ferroviária de Moçambique, estabelecida por britânicos no início do século 20.

Três dos maiores portos da costa africana no Oceano Índico estão em Moçambique, ex-colônia portuguesa: na capital Maputo, em Beira e Nacala. Três linhas ferroviárias ligam esses portos a vizinhos africanos, como África do Sul, Zimbábue e Zâmbia.

Em 1931, empresas ferroviárias e portuárias foram unificadas na Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), uma paraestatal. Toda a estrutura dos três principais portos e das três principais ferrovias pertence à companhia.

Nesse contexto econômico, alguns dos primeiros times do país possuíam relação original com empresas ferroviárias ou contavam com trabalhadores do setor. Até hoje, a CFM patrocina vários Ferroviários, além do Moçambola e da seleção nacional em diversas modalidades.

 

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Igual até no ano de fundação

Alguns dos principais Ferroviários, por coincidência, foram fundados no mesmo ano, em 1924, antes mesmo da CFM ser constituída: os de Maputo, o maior campeão nacional, com 10 títulos, também conhecido como “Ferroviário de Moçambique”, e os de Beira, Nacala e Nampula.

A edição de 2023 do Moçambola ainda exibe os Ferroviários de Lichinga e de Quelimane. Por ironia, quase todos com escudos e uniformes bem parecidos. No total, 51 dos 66 jogos do campeonato contam com pelo menos um Ferroviário em campo. Possivelmente algo sem igual no mundo.

Colaborou Yuri de Lima.

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