Na casa de Herlandson Carvalho Silva, tem adesivo em tudo quanto é canto. Na porta do quarto, no guarda-roupa, na cama, na estante, na televisão, na geladeira… Difícil haver móvel sem um. Afinal, ele possui cerca de 3.500 adesivos de futebol, um dos maiores acervos do gênero no Brasil. Eles são de mais de 100 clubes brasileiros e de outros 50 países. Coleção inusitada, mas não a única.

Essa mania do comerciante e promotor de eventos, morador de Brasília de Minas (MG), começou em 2009. “Sempre gostei de adesivos, que colava nos cadernos. Quando comecei a frequentar torcidas organizadas do Cruzeiro, vi que cada uma tinha ideologias expostas nos adesivos. Foi daí que conheci uma galera que colecionava, não só no Brasil”, lembra o ex-diretor da Máfia Azul, de 27 anos.

Assim Herlandson fez uma rede de contatos pelo mundo. No Brasil, são cerca de 50 colecionadores de adesivos de futebol, 30 deles ativos. No exterior, outras dezenas, de países mais diversos: Argentina, Paraguai, Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Escócia, Espanha, França, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irlanda, Itália, Polônia, Portugal, Sérvia, Suíça… Melhor parar por aí.

“Tanto no Brasil como no mundo, a maior parte das peças é de torcidas organizadas, as ultras europeias e as barra-bravas sul-americanas”, explica o colecionador. Fruto do desinteresse dos clubes por adesivos. “Quando muito, eles são lançados em campanhas de marketing ou de sócios”, lamenta.

Na coleção já foi investida uma boa grana. Herlandson calcula em cerca de R$ 7 mil, numa média de R$ 2 por peça. A maior loucura que já fez foi depositar R$ 400 para um colecionador que não conhece pessoalmente, em troca de um lote de adesivos, e esperar vários dias com medo de ter sido enganado. “Felizmente deu tudo certo. Muitas vezes envio dinheiro primeiro correndo risco de perder”, reconhece.

A coleção de adesivos é cuidadosamente guardada, em pastas divididas por estados, regiões e países. Os repetidos são colados nos móveis pela casa, e também em sua lanchonete. Desses, a maior parte está na porta do quarto: cerca de 100, de clubes de todas as cores. “Alguns me arrependo de ter pregado, pois achava que conseguiria iguais, mas até hoje estou à procura”.

Para sua sorte, a mãe apoia a mania. Assim como a namorada, Daniela Vieira, que já se prepara para o futuro que a aguarda. “Ela admira alguns adesivos, fala que são bonitos, já ri de outros, dizendo que acha engraçados, mal feitos”, conta Herlandson. “Às vezes ela reclama que dou mais atenção para a coleção do que para ela, mas acima de tudo entende que é só um hobby e um lifestyle”.

A busca por novos itens poderia ser facilitada, se Herlandson fizesse seus próprios adesivos a partir da grande oferta de escudos na internet. Claro, assim não teria a menor graça. “A questão não é quantidade, mas sim o contato inclusive entre torcidas rivais. Não há nada que pague a amizade construída entre nós”, garante. No fim das contas, isso é o que o futebol sabe fazer melhor.

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