No Brasil, homem que nunca brincou de futebol de travinha quando criança não teve infância. No asfalto, no cimento ou na areia, com chinelos como gol ou com mini traves, com bola de couro, de borracha, de plástico ou mesmo de papel… Vale tudo pra matar o verme de bater uma bolinha.

Pois a brincadeira conhecida em todo o país por vários termos é levada a sério num bairro da periferia de Fortaleza, o Henrique Jorge. É lá onde foi fundado, há quatro anos, o Projeto Jatobá de Futebol de Travinha. Uma entidade que promove a “modalidade” que é a iniciação pra todo boleiro.

A ideia foi de Vinicius Braga, fundador e presidente da associação. “Quem nunca jogou futebol de travinha? Com a especulação imobiliária, encontrar um campo grande ou mesmo quadra é um privilégio. Por isso essa é uma boa solução”, comenta o administrador de condomínio, de 36 anos.

Os jogos são realizados no “único campo próprio pra futebol de travinha de Fortaleza”, como define Vinicius. Em região densamente povoada, só sobrou um campinho de terra. Em 2011, a comunidade conseguiu da Prefeitura uma reforma. Nascia a Arena Jatobá, de cerca de 25 x 12 metros.

Três vezes por semana, cerca de 100 jovens vão ao campinho, em escolinhas de diferentes horários. No primeiro domingo do mês, é a vez de um torneio para adultos, com times de três jogadores. “A gente conseguiu a união da comunidade e uma vitória sobre as drogas”, comemora Vinicius.

O 1º Campeonato de Travinha do Jatobá ocorreu em julho do ano passado, com apoio da Prefeitura. O próximo passo é a fundação da Federação Cearense de Futebol de Travinha, para organizar competições em outros bairros. Conjunto Ceará e Montese estão em vista. “Em qualquer rua dá pra jogar, então as perspectivas são boas”, diz Vinicius. A trave é pequena, mas o sonho é grande.

Matérias do jornal HJ Notícias, do Henrique Jorge, mantido por Irapuan Moreira: