9 bad boys dos anos 90 no Brasil
Nenhuma década reuniu tantos bad boys no futebol brasileiro quanto a de 1990
Nenhuma década reuniu tantos bad boys no futebol brasileiro quanto a de 1990. O próprio termo ganhou notoriedade no país em virtude de jogadores como Edmundo e Romário. Marrentos, eles não levavam desaforo para casa. Provocavam adversários, discutiam com jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas. Adoravam baladas e não seguravam a língua nas entrevistas. Mas, apesar de tantas polêmicas que protagonizavam, conseguiam seguidos perdãos porque em campo resolviam.
Prova disso, aquela geração talentosa levou a seleção brasileira a três finais de Copas do Mundo seguidas. Não à toa, passadas duas décadas, cansados de tanto selfie e chororô, muitos torcedores de hoje em dia sentem saudade de vários dos jogadores que marcaram aquela época. O Verminosos por Futebol lista abaixo nove bad boys brasileiros dos anos 90.
9) Vampeta
Idade em 2015: 40 anos.
Clubes nos anos 90: Vitória (1993-94), PSV-HOL (1994-98), VVV-Venlo-HOL (1995), Fluminense (1995-96), Corinthians (1998-2000) e seleção brasileira (1998-2002).
> Baladeiro assumido, seu próprio apelido já entregava sua personalidade: um misto de vampiro com capeta, alcunha que ganhou nas categorias de base do Vitória. Quando defendia o Corinthians e a seleção brasileira, em 1999, Vampeta se envolveu em polêmica ao posar nu para a revista gay G Magazine. Três anos depois, para comemorar o pentacampeonato, ele quebrou o protocolo ao dar cambalhotas bêbado na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília.
8) Viola
Idade em 2015: 46 anos.
Clubes nos anos 90: São José (1990), Olímpia (1991), Corinthians (1992-95), Valencia-ESP (1995-96), Palmeiras (1996-98), Santos (1998-99), Vasco (1999-2000) e seleção brasileira (1993-95).
> Com a camisa do Corinthians, Viola inflamou o Palmeiras para a conquista de seu 1º título em 16 anos após imitar um porco ao comemorar gol no 1º jogo da final do Paulistão de 1993. Pelo Palmeiras, inverteu os papéis ao comemorar gol imitando um gavião. Dentre seus problemas disciplinares, que incluíram uma detenção de três dias por porte ilegal de arma, em 2006, nada supera a rescisão com o Valencia. Ele abandonou o clube espanhol por não gostar das refeições.
7) Neto
Idade em 2015: 48 anos.
Clubes nos anos 90: Corinthians (1989-93 e 1995-97), Millionarios-COL (1993), Atlético-MG (1993), Santos (1994), Matsubara (1994), Guarani (1995), Araçatuba (1995), Osan Indaiatuba (1997), Paulista (1998), Deportivo Italia-COL (1998-99) e seleção brasileira (1988-93).
> No começo da carreira, na década de 1980, Neto chegou a ser comparado a Maradona, mas os problemas com excesso de peso sempre o prejudicaram. Por esse motivo, brigou com o técnico Emerson Leão e se transferiu do Palmeiras para o Corinthians, em 1989, numa troca entre jogadores. Em 1991, ele foi suspenso por quatro meses após cuspir no rosto do árbitro José Aparecido de Oliveira, num clássico do Corinthians contra o Palmeiras.
6) Djalminha
Idade em 2015: 44 anos.
Clubes nos anos 90: Flamengo (1989-93), Guarani (1993-94 e 1994-95), Shimizu S-Pulse-JAP (1994), Palmeiras (1995-97), Deportivo La Coruña-ESP (1997-2004) e seleção brasileira (1996-2002).
> Jovem promissor do Flamengo, Djalminha deixou o clube após troca de empurrões com Renato Gaúcho, em 1993. O jogador deu a volta por cima e chegou a seleção brasileira numa época de grande concorrência no setor ofensivo, mas acabou ficando de fora da lista de convocados para a Copa do Mundo de 2002 após agredir seu técnico no La Coruña, Javier Irureta. Indisciplina que custou o afastamento da equipe espanhola e a reprovação de Luiz Felipe Scolari.
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5) Edilson
Idade em 2015: 44 anos.
Clubes nos anos 90: Industrial-ES (1987-90), Tanabi (1991), Guarani (1992), Palmeiras (1993-94 e 1995), Benfica-POR (1994-95), Kashiwa Reysol-JAP (1996-97), Corinthians (1997-2000) e seleção brasileira (1993-2002).
> Junto com o amigo Vampeta, Edilson “Capetinha” protagonizou muitas confusões extracampo em virtude de baladas, mas sempre calava os críticos com suas atuações em jogos e belos gols. Em 1999, seis meses depois de ter sido eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro do ano anterior, ele provocou uma enorme confusão após fazer embaixadinhas para comemorar o título paulista do Corinthians antes do fim do jogo contra o Palmeiras.
4) Renato Gaúcho
Idade em 2015: 52 anos.
Clubes nos anos 90: Flamengo (1989-90, 1993 e 1997-98), Botafogo (1991 e 1992), Grêmio (1991), Cruzeiro (1992), Atlético-MG (1994), Fluminense (1995-97), Bangu (1999) e seleção brasileira (1989-92).
> Baladeiro e mulherengo, Renato Gaúcho foi cortado pelo técnico Telê Santana às vésperas da Copa do Mundo de 1986. Quando jogava no Botafogo, foi dispensado depois do 1º jogo da final do Campeonato Brasileiro de 1992, por ter ido a um churrasco do adversário Gaúcho, que comemorava a vitória de 3 a 0 do Flamengo. Ídolo rubro-negro, ele não se furtava a comemorar gols sobre o ex-time, como no famoso de barriga no título carioca do Fluminense em 1995.
3) Marcelinho Carioca
Idade em 2015: 44 anos.
Clubes nos anos 90: Flamengo (1988-93), Corinthians (1994-97), Valencia-ESP (1997-98), Corinthians (1998-2001) e seleção brasileira (1994-2001).
> Jogador mais odiado do Brasil numa enquete realizada pela Revista Placar em 2000, Marcelinho Carioca era acusado por atletas de criar panelinhas nos elencos que fez parte. Foi o caso de Ricardinho, com quem se desentendeu no Corinthians, em 2001, episódio que acarretou a saída do Pé de Anjo, mesmo sendo ídolo do clube. Dono de extraordinária técnica em cobranças de faltas, pênaltis e escanteios, o jogador não conseguiu se firmar na seleção devido a sua personalidade.
2) Romário
Idade em 2015: 49 anos.
Clubes nos anos 90: PSV-HOL (1988-93), Barcelona-ESP (1993-94), Flamengo (1995-99), Valencia-ESP (1996 e 1997), Vasco (1999-2002) e seleção brasileira (1987-2005).
> O que tinha de baixinho, tinha de marrento. Romário não levava desaforo para casa. Deu sopapos em adversários (como Simeone), em colega de time (Andrei, quando ambos jogavam no Fluminense, em 2003) e até em torcedor, que estava incomodando um treino do mesmo Flu. Ninguém escapava da língua ferina, nem o Rei do Futebol: “Pelé calado é um poeta”. Boêmio e mulherengo, Romário achava que podia fazer o que quisesse, afinal fora escolhido: “Quando nasci, Papai do Céu apontou o dedo e disse ‘Esse é o cara'”.
1) Edmundo
Idade em 2015: 43 anos.
Clubes nos anos 90: Vasco (1992, 1996-97 e 1999-2000), Palmeiras (1993-95), Flamengo (1995), Corinthians (1996), Fiorentina-ITA (1998-99) e seleção brasileira (1992-2000).
> Foram tantas as confusões que mereceriam uma postagem isolada. Talentoso e destemperado, Edmundo acumulou polêmicas, dentro e fora de campo. Quando jogava no Palmeiras, em 1994, o “Animal” deu um soco em André, do São Paulo, que chegou a prestar queixa em delegacia. No ano seguinte, agrediu um repórter após derrota para o El Nacional, no Equador, e precisou ficar seis dias preso no hotel em Guayaquil. Além disso, foi condenado por homicídio culposo após um acidente de carro no Rio de Janeiro que fez três vítimas, porém nunca cumpriu pena.
Não bastassem as discussões com jogadores e técnicos, inclusive com o amigo Romário, Edmundo ficou famoso internacionalmente por forçar a saída da Fiorentina, fugindo para desfilar no Carnaval de 1999 no Rio de Janeiro. Em âmbito doméstico, uma foto também ganhou destaque naquele ano. Na festa de aniversário do filho, o Animal deu cerveja a um macaco. Era o bad boy em pessoa!
(*) Idade dos ex-jogadores em 2/2/2015.
> O 10º jogador poderia ser Túlio Maravilha, que apesar de não ser propriamente um bad boy, era um show à parte nas entrevistas.
Relembre o Rap dos Bad Boys, em 1995:
Le, le, le, ô le, le, le, á
Com bad boys no seu time já pode comemorar
Somos bad boys, isso não tem nada a ver,
Cante com a gente esse rap que você vai aprender
Esse é o recado dessa dupla bad boy,
E eu sai lá do Jacarezinho
E eu sai lá de Niteroí
Romário e Edmundo pedem a paz para a nação
Pare com a violência e não arrume confusão
Ganhei o mundo, eu sou tetracampeão
Sou Romário bad boy, sou artilheiro do Mengão
Sou Edmundo, bad boy de Niteroí
Fiz a festa lá no Vasco e no Palmeiras sou herói
Jogo bola porque gosto, jogo bola por amor
Meu amigo Edmundo, vou ser seu professor
Romário, meu amigo, sou Edmundo Animal
Posso aprender contigo, tu é o mestre ideal
Fazer gols é a nossa diversão
E o point preferido, quiosque Viajandão
Onde encontro a rapaziada
Tem muito futevôlei e o pagode é da pesada
Se liga minha gente no que agora eu vou falar
Esse time sangue bom pra vocês eu vou cantar
Ronaldo, meu irmão, Pedrão,
Wilsinho, Sírio, Pato e Piloto,
Rapozão e Robertinho
Sou conhecido no asfalto e nas favelas,
Tô na Barra da Tijuca e morro do amor por ela
Jacarezinho, favela onde nasci,
Vila da Penha, joguei bola e lá cresci,
Barreira do vasco, Jacarepaguá
Freguesia e Pau-Ferro, eu também passei por lá
Saí do Brasil, fui jogar na Holanda,
Fui rei no PSV e no Barça na Espanha
Eu também sou bad boy, arrebentei lá no Vascão
Nasci lá em niteroí, sou campeão pelo Verdão
Sou Edmundo conhecido Animal,
Faço gols em qualquer canto, cara feia não faz mal
Cantamos esse rap pra toda rapaziada
Futebol com violência, isso não nos leva a nada
Vai pro baile, não arrume confusão
Porque tem muitas gatinhas te esperando no salão
Olha meu amigo, briga é coisa de otário
Para quem não me conhece sou o MC Romário
Essa tal de violência é coisa de outro mundo
Se liga no conselho do MC Edmundo
17 respostas para “9 bad boys dos anos 90 no Brasil”
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Os estrangeiros dos anos ’90 eram senhores jogadores. Rincón, Arce, Aristzábal, Gamarra, Sierra, Rivarola… Só craques! Nossa.. Não gosto nem de lembrar, que acabo ficando com raiva dos que “jogam” atualmente.
De fato, daria outra boa lista.
Muito legal. Uma sugestão de matéria, que tal uma sobre os estrangeiros que jogaram no Brasil nos anos 1990, tem Arce, Rivarola, Gamarra, Mancuso, Villamayor, Piekarsky, Nowac, Enciso, Kennedy Nagoli , Arthur, Baez, Cobi Jones, Marco Osio, Lupídio…
Abraços
Valeu pela dica, Rodrigo. Um abraço!
Cara que incrível, que viagem no tempo é essa! Eu sou de 90 então essa época que foi a minha primeira década de vida, é muito importante pra mim, bate uma saudade da infância, dos tempos de irresponsabilidade e inconsequência de criança…
E tem outra, não sei se é loucura minha mas essa época pro futebol parecia ser melhor, parecia mais original, mais acessível, menos performática sei lá…
Nossa, sobre as tretas de Romário e Edmundo daria um livro haha, mas faltou citar aquela treta que o Edmundo era o cobrador de penaltis oficial do Vasco, mas o Romário recém contratado foi bater um penalti e errou. Daí no fim do jogo o Edmundo disse que o Eurico era o rei e o Romário era o príncipe e eles que mandavam no Vasco.
Pouco tempo depois, o Romário passou o Edmundo na artilharia do Carioca e disse “aqui no Vasco é assim, tem o rei, o príncipe e o bobo” hahaha Romário Eterno !!
Do Edmundo faltou aquele penalti que ele foi bater no Vasco quando estava jogando pelas Marias (cruzeiro) [esse eu não podia esquercer haha], ele disse que errou por querer no final do jogo rsss
Realmente, esse episódio do príncipe e do bobo foi ótimo!
Lembro que nesta época teve tb o funk do centenário do Flamengo, que foi parodiado pelos tricolores: “Vai Flamengo, toma de 3 prá largar de ser otário…”
E a música da torcida do Botafogo: “Urubu otário, quem tem Túlio não precisa de Romário”!
E ainda teve o “Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pára um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário e Edmundo”!
* contra Dinamarca e Holanda.
“Não à toa, passadas duas décadas, cansados de tanto selfie e chororô, muitos torcedores de hoje em dia sentem saudade de vários dos jogadores que marcaram aquela época.”
Perfeito. Principalmente “selfie” e “chorôrô”. Ver o melhor jogador do mundo mais preocupado em se olhar no telão que qualquer outra coisa, o capitão da seleção parecer um abestado e o capitão da última copa chorando copiosamente feito bezerro desmamado me faz relembrar do futebol até por volta de 2007, 2008, quando começaram com o “boom” desses celulares e outras tecnologias modernas mais acessíveis.
Bons tempos em que víamos a seleção, que costumava atuar dentro do Brasil nos jogos em que era mandante, chegar numa copa como a de 1994 e deixar todos saudosos vinte anos depois; ou uma que, em 2002, jogou contra Costa Rica e Inglaterra às 03h30 da madrugada e fazia valer a pena ficarmos acordados para ver o jogo,
Até mesmo em 1998, com dois jogaços contro Dinamarca e Holanda.
Ah, gol da Alemanha.
Triste!
Abraço!!
É isso mesmo, Daniel.
Túlio merece mesmo uma matéria especial!
Nao lembro em que ano foi, mas poderia ter uma menção honrosa ao rodo que Romario deu em Cafezinho, jogador do Olaria (se não me falha a memória).
Outra clássica eh a plaquinha: Viola joga bola! Que fez Viola surtar.
Que viagem! Faz uma com o Túlio também, pô. Pode ser até uma isolada, no dia do seu aniversário, com suas marcantes entrevistas ou histórias curiosas, como aquele gol na Argentina pela Copa América de 1995, que ele domina a bola com o braço, e já chegou até a entrar em propaganda, como “La mano de Túlio”. O Maravilha merece.
Pode deixar, Allef. Um abraço!