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Mitotônio, o ídolo que virou mito ao morrer após jogo do Ceará

Relembre a história de Mitotônio, maior craque do Ceará na primeira metade do século passado

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Estádio de Granja recebeu nome de Mitotônio, homenagem ao jogador (Foto: Jornal O Povo)

Pensava-se que era brincadeira – maldosa – de 1º de abril. Seria melhor assim, mas pena que era verdade. No dia da mentira de 1951, Fortaleza acordou com a notícia que ninguém gostaria de receber. Morria o maior ídolo do Ceará na primeira metade do século passado. E após um jogo, caso único até hoje no futebol cearense. Foi o estádio Presidente Vargas o último palco de Mitotônio, craque que partiu graças a um binômio pouco saudável: panelada e esporte.

Naquele tempo a medicina andava longe dos campos. Quanto mais a nutrição. Mitotônio, ingênuo, almoçara panelada (cozido de vísceras de bode) pouco antes de encarar o sol inclemente. Nem se preocupou em relatar a refeição ao técnico. Logo aos 6 minutos, o ponta-esquerda chegou a marcar o primeiro gol do jogo contra o Gentilândia. Ninguém sabia que aquele gol seria o último de tantos na brilhante carreira.

Mitotônio não viu o fim da partida, vitória de 4 a 1 do Ceará, pelo Campeonato Cearense de 1950. Foi levado à Assistência Municipal. O jogador foi liberado pelos médicos, mas, na madrugada, voltou a sentir dores estomacais e acabou morrendo em sua residência. Diagnóstico: hemorragia aguda, derivada de congestão.

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O ponta-esquerda Mitotônio morreu no dia 1º de abril de 1951 (Fotos: Divulgação)

A comoção que atingiu a cidade tinha seus motivos. Mitotônio, com 35 anos, defendia o Ceará havia uma década. Entre 1941 e 1951, o jogador foi tricampeão estadual. Era figura carimbada na seleção cearense, que disputava o Campeonato Brasileiro. Nem o fato de ter sido atleta do rival Fortaleza durante três anos no início da carreira, sendo uma vez campeão estadual, manchava sua imagem. Estava mais para craque de todas as torcidas do que traidor.

Hoje Mitotônio empresta seu nome ao estádio de Granja, cidade-natal, a 352 km de Fortaleza. Porém, mais de meio século depois de sua morte, Antônio Edgard da Silveira, o desconhecido por trás do mito, ainda merece do Ceará uma homenagem à altura dos feitos de uma década inteira.

Ficha técnica do último jogo:

Ceará 4×1 Gentilândia

Ceará – Juju; Valdemar e Pedro Matos; Julinho, Marciano e Oxigenado; Mauro, Pipiu, Alencar, Pretinho e Mitotônio.
Gentilândia – Assis; Airton Monte e Zemilton; Deim, Otávio e Luizinho; Carlos, Aldo, Dedé, Gilson e Luiz.

Data: 31/3/1951 (Campeonato Cearense de 1950)
Local: Estádio Presidente Vargas
Público: 2 mil pessoas
Árbitro: Raimundo Cunha Rola, o Rolinha
Gols: Mitotônio (6min 1ºT), Pretinho (14min e 29min 1ºT) e Pipiu (42min 2ºT), para o Ceará; Luiz (8min 2ºT), para o Gentilândia.

Curiosidades:

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Mitotônio, o último agachado da esquerda para a direita, em 1945 (Foto: Reprodução)

Quando chegou a Fortaleza vindo de Granja, em 1938, levado pelo empresário Lauro Martins, Mitotônio carregava o apelido Massantônio, em homenagem a um jogador argentino da época. A alcunha não pegou e logo foi adaptada para Mitotônio.

O Ceará não disputou o Estadual de 1945, após brigar com a Federação no ano anterior. Sem clube, Mitotônio e Hermenegildo, os dois melhores atletas do time, foram para o Naútico, de Recife. Ganharam o Campeonato Pernambucano e então voltaram.

Há poucas informações sobre os pais de Mitotônio. O pai, barbeiro, era conhecido como Lalá. A mãe, lavadeira, chamava-se Maria Cipriana. O jogador nasceu na rua Thiago Ribas, 10, no centro de Granja. Depois foi adotado por uma professora chamada Joana Rita da Silveira.

Mitotônio nunca casou oficialmente, embora jornais da época registrassem que uma casa seria presenteada pelo Ceará à viúva e três filhos. Em Granja, não há informações sobre o paradeiro de familiares.

Perfil:

Nome: Antônio Edgard da Silveira
Apelido: Mitotônio
Posição: Ponta-esquerda
Naturalidade: Granja (CE)
Nascimento: 22/2/1916
Falecimento: 1/4/1951
Clubes: Fortaleza (1938-41), Ceará (1941-45 e 1946-51) e Náutico (1945)
Títulos: Campeão cearense (1938, 1941, 1942 e 1948) e pernambucano (1945)

2 respostas para “Mitotônio, o ídolo que virou mito ao morrer após jogo do Ceará”

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