Jogador brasileiro conta rotina no Iraque
Allan dos Santos tremeu ao ouvir o convite. O jogador atuava na Guatemala quando recebeu proposta para se transferir para […]

Allan dos Santos tremeu ao ouvir o convite. O jogador atuava na Guatemala quando recebeu proposta para se transferir para o Iraque. Aos 31 anos, talvez fosse a última chance de fazer o sonhado pé-de-meia. Como um soldado no quartel, ele estava pronto pra ir à guerra. Literalmente.
Há três meses no Iraque, Allan ainda se impressiona com a militarização do país. “Desde que você sai do aeroporto, já se depara com muitos soldados, todos fortemente armados. Sempre há revisão nos carros. É aterrorizante”, relata o atacante carioca, revelado no América e com passagens por outros clubes pequenos.

Allan defende hoje o Naft Al-Janoob (South Oil Company Sport Club, em inglês), de Basra, a 550 km da capital Bagdá. O time joga a 1ª divisão iraquiana, que foi retomada quando o ambiente se tornou menos explosivo desde que os Estados Unidos invadiram o país, em 2003. “Os iraquianos estão divididos: uns acharam ótimo a saída de Saddam Hussein; outros acharam ruim”.
Por precaução, Allan preferiu não levar a mulher e os filhos, de 11 e 5 anos, que moram no Rio de Janeiro. Como ele só arranha um segundo idioma, o inglês, e é o único brasileiro na equipe, tem sido difícil a comunicação. “No meu time só um jogador fala inglês. O restante, somente árabe. Só Deus pra me ajudar a entender o que eles dizem”, ri.
Na liga existem outros sete jogadores brasileiros, além de um técnico. Todos são bem recebidos quando dizem o país de origem, conta Allan. Pra variar, o Brasil é amado. “Os iraquianos têm um carinho muito grande e respeito pelos brasileiros. No clube e na cidade tô sendo muito bem acolhido”.
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Um dos motivos para a boa recepção no Iraque, claro, tem sido a atuação do atacante. Mesmo há tão pouco tempo no país, Allan já é o goleador do time, com 5 gols, três a menos que o artilheiro. “A liga é boa, só é um pouco desorganizada. Parece com o Campeonato Carioca”, compara.
Allan é um andarilho da bola. Já atuou na Guatemala, em Honduras, El Salvador, Malta e Omã. Em nenhum desses países, porém, o choque cultural foi tão grande quanto agora. “Me chamou a atenção que os iraquianos comem sentados no chão, sem talheres, com a mão mesmo. E beijam no rosto de outros homens como cumprimento”, impressiona-se.
Desde que você sai do aeroporto, se depara com muitos soldados, todos fortemente armados. Sempre há revisão nos carro. É aterrorizante”. Allan dos Santos.

Mas nada foi tão incorporado a sua rotina como o constante temor de que algo grave vai acontecer. “Estava no Líbano quando morreu uma brasileira por causa de um homem-bomba. Direto eu me pergunto: ‘Será que ele é homem-bomba’?”, confidencia o jogador. “Financeiramente tem valido a pena. Então coloco meu futuro nas mãos de Deus”.
Registrado como Allan Kardeck dos Santos Pereira, o carioca já se acostumou com a confusão que os brasileiros fazem com Alan Kardec de Souza Pereira, o xará atualmente no Palmeiras. “Sempre perguntam pra minha mãe se sou aquele que jogou no Vasco”, diverte-se. O Kardeck do Iraque é mais veterano. E, certamente, muito mais corajoso.
No meu time só um jogador fala inglês. O restante, somente árabe. Só Deus pra me ajudar a entender o que eles dizem”.
Blog de Allan dos Santos:
allandosantos33.blogspot.com.br
Site do Naft Al-Janoob:
soc-sportclub.com

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www.verminososporfutebol.com.br/deu-a-louca/sanat-naft-de-abadan-e-o-brasil-do-ira
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