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Papo sério

Voluntária relata bagunça na Copa de 2010

Em nove dias, 95 mil pessoas se inscreveram no programa de voluntários da Fifa para os torneios de 2013 e […]

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Voluntaria-na-Copa-do-Mundo
Voluntária em 2010, a arquiteta Lilian de Oliveira acredita que a Fifa precisa ajustar o programa

Em nove dias, 95 mil pessoas se inscreveram no programa de voluntários da Fifa para os torneios de 2013 e 2014 no Brasil. O número já supera as Copas de 2006 (48 mil), na Alemanha, e 2010 (70 mil), na África do Sul. Mas que os candidatos fiquem alerta: nem tudo serão flores aos escolhidos.

O programa no último Mundial foi desorganizado, constata a arquiteta paulista Lilian de Oliveira, 27, voluntária em 2010 e no Pan-Americano de 2007, no Rio. Em conversa com o Verminosos por Futebol, ela relata que foi mal treinada, que recebeu atribuições para as quais não tinha domínio, que as regras mudavam a cada dia e que sofreu com a alimentação oferecida pela Fifa.

Embora o termo “voluntário” seja aplicado a trabalho sem remuneração, o contrato com a Fifa prevê pagamento. Um valor simbólico, que na África do Sul foi de 100 rands por dia, cerca de R$ 25. Mesmo assim, muitos voluntários demoraram a receber o dinheiro – e ainda assim só parte dele.

Apesar de tudo, Lilian recomenda a experiência. “Acho que todo mundo deveria fazer parte de uma Copa do Mundo uma vez na vida, você vê o evento de outra maneira”, avalia a arquiteta. Então, que os 15 mil voluntários de 2014 tenham rotina melhor que os de 2010.

Verminosos por Futebol – O que você achou da organização do Comitê da África do Sul?
Lilian Oliveira – Completamente desorganizada. As regras para tudo (servir vouchers, marcar horários de trabalho, distribuição de uniforme, acessos) mudavam todos os dias e os seguranças locais (terceirizados) não acompanhavam as normas modificadas. O resultado é que isso gerava muita confusão todo dia. Na África do Sul, a Fifa resolveu pagar um salário bem baixo, mais para estimular os voluntários. Esse pagamento também foi completamente bagunçado. Alguns receberam no local, quem voltou antes nunca viu a cor do dinheiro, muita gente foi taxada indevidamente, cada cidade pagou quantidades de dia de forma diferente. E os sul-africanos demoraram bastante para receber seu salário. Deve ter tido muita corrupção, pois a Fifa admitiu ter enviado todo o valor para o Comitê local, e este nunca pagou muitos dos voluntários, principalmente os internacionais.

VPF – Com o que os voluntários estrangeiros mais sofreram na África do Sul?
Lilian – Acredito que com a comida. A desorganização do Comitê local era tamanha que em cada cidade a distribuição era feita de uma forma diferente. Alguns recebiam vales para fast foods, outros recebiam refeição (em locais apropriados ou não, com pombos) e outros mal receberam os vouchers. Eu, durante todo o período, consegui receber três vales, sendo que um deles era para comida típica, muito forte e diferente para os estrangeiros, também servida sem talher.

VPF – E os voluntários locais, reclamavam de algo?
Lilian – Os voluntários locais estavam bastante satisfeitos, pouco reclamavam das coisas. Mas confesso que houve um pouco de segregação. Poucos se entrosavam com os voluntários estrangeiros. E senti que o tratamento do Comitê com os estrangeiros era melhor do que com os locais.

VPF – Você se sentiu bem treinada para desempenhar a função que teve?
Lilian – Nem um pouco. Fui destinada à área de logística, pela qual me inscrevi, mas as funções reais eram diferentes das previstas no momento da inscrição. Não recebi treinamento específico e acredito que nem deveria ter voluntário internacional nessa área. Para trabalhar com logística, deveríamos ter boas informações viárias sobre Joanesburgo, cidade onde fiquei, para poder orientar todos que chegavam ou saíam do estádio. Eu e um mexicano ficamos completamente inúteis nesse setor e acabamos trabalhando muito pouco e atuando, extra oficialmente, na área de suporte ao público, ajudando torcida e também mídia informalmente.

VPF – Quantos dias você ficou na África do Sul?
Lilian – Eu fiquei cerca de 50 dias. Cheguei cerca de 10 dias antes e só vim para o Brasil 20 dias depois. Tudo isso pois quando deram notícia de que fomos aceitos para ser voluntários, voos e hospedagem já estavam lotados pelo público do evento e mídia.

VPF – Quanto tempo depois você recebeu a ajuda de custo prometida pela Fifa?
Lilian – Como fiquei na cidade por um tempo, depois de alguns dias de insistência, recebi parte do dinheiro. Essa parte foi por conta da lista de presença que pararam de pagar. Os dias trabalhados a partir daí seriam revistos e pagos depois, o que nunca aconteceu.

VPF – Você pode dar orientação a quem pretende participar do programa de voluntários em 2014?
Lilian – Quem pretende participar deve saber que tem hora para curtir o evento e hora para trabalhar, no entanto, as oportunidades são inúmeras e muito boas. Então tem que ir consciente. Acho que todo mundo deveria fazer parte de uma Copa do Mundo uma vez na vida, você vê o evento de outra maneira.

As regras para tudo mudavam todos os dias e os seguranças locais não acompanhavam as normas modificadas. O resultado é que isso gerava muita confusão todo dia”.
Lilian de Oliveira, arquiteta paulista, voluntária na Copa do Mundo de 2010.

Clique e saiba mais sobre o programa
Na Copa de 2010, os 18 mil voluntários foram distribuídos em 13 áreas de atuação: credenciamento, serviço ao espectador, mídia, protocolo, venda de tickets, logística, tradução, marketing, serviços médicos, transporte, hospitalidade, atendimento a voluntários e recepção em aeroportos e hotéis. A divisão é feita de acordo com a profissão de cada voluntário.

Inscrições para o programa de voluntários de 2014 no site da Fifa.

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