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Papo sério

Uniforme do Tibet foi criação de brasileiro

A equipe ganhou repercussão mundial quando teve uniforme lançado pela Copa, da Holanda

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Uniforme do Tibet, mundialmente conhecido, foi criado por Antônio Bordallo (Fotos: Divulgação)

O Tibet tem a camisa de seleção alternativa mais celebrada da internet. Mesmo sem ser reconhecida pela Fifa, a equipe ganhou repercussão mundial há dois anos, quando teve uniforme lançado pela Copa Football, da Holanda. Pois essa belezura aí foi criação de um brasileiro.

Mais precisamente de um carioca, Antônio Bordallo. Designer de moda esportiva, ele foi contratado pela empresa especializada em estampas de futebol para desenhar o uniforme lançado numa campanha pela oficialização da seleção tibetana. Tal qual a cultura oriental, foi um exercício de paciência.

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Até o Dalai Lama, líder político e religioso do Tibet, participou da divulgação do uniforme. (Foto: Divulgação)

“Cada detalhe foi elaborado ponto a ponto, inclusive a fonte exclusiva para a numeração e o relevo dos leões. Foram 10 ou 11 meses de trabalho, com uma troca de mensagens com o diretor da marca que ultrapassou os 300 e-mails enviados”, relembra Bordallo.

Foi um prêmio para uma paixão iniciada na infância. Se hoje em dia existem diversos fóruns digitais de design de camisas, Bordallo começou com desenhos no caderninho. Foi em 1993, aos 13 anos. “Acho engraçado comparar o trabalho que eu tinha com a praticidade de hoje. Você dá um clique e colore tudo”, compara o designer, de 33 anos.

Bordallo já teve um blog onde publicava seus esboços, “A Prancheta do Antônio“. Ele o deixou de lado quando viu desenhos de colegas copiados por marcas esportivas. “No design de moda, não existe plágio, tudo é tendência”, ironiza. “Se um dos designers das empresas está em crise criativa, procura alguns mockups na internet e pronto”.

O artista gráfico resolveu investir no passatempo após um drama pessoal. Em 2005, ele foi atropelado por um ônibus e passou a se deslocar em cadeira de rodas. “A partir dali eu prometi me dedicar profissionalmente apenas àquilo que me dava prazer de fazer”, relata o carioca. Nascia o desejo de cursar Moda, na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

“As companhias de design esportivo têm uma postura inatingível, como se fossem um Olimpo em que é impossível saber que pessoas são envolvidas no desenvolvimento do desenho”. (Antônio Bordallo)

O hobby ficou sério quando Bordallo venceu um concurso com cerca de 100 concorrentes, em 2008. O desafio era desenhar um uniforme para a Polônia. Alguns meses depois, a Nike lançou novas camisas da seleção, de qualidade inferior. Como consequência do prêmio, veio o contrato com a Copa Football.

Mesmo sem ter o nome divulgado pela empresa como criador da camisa do Tibet, surgiram outros trabalhos depois disso, como o CRB. “Depois de um tempo eu até contactei outras marcas esportivas no Brasil, mas ninguém se interessou, mesmo com esse portfólio de realizações, infelizmente”, lamenta.

Hoje morador de Tallinn, na Estônia, Bordallo é um crítico da overdose de patrocínios em camisas, especialmente de times do Brasil. “Eu sei que isso paga os clubes, mas parece que eles se aproveitam que brasileiro é fanático, enchem de patrocínio, cobram R$ 200 a R$ 250 pela camisa e uma pá de gente compra contente”.

Ele também reclama da padronização de uniformes, que tomou conta dos lançamentos das grandes marcas. “A desculpa é que é pra cortar custos, mas se cortando custos a camisa ainda sai pelo preço mencionado acima, seria melhor assumir que é pra aumentar a margem de lucro com um investimento ainda menor”, comenta Bordallo, fã do design de Umbro e Hummel.

Bordallo
O uniforme do Tibet, desenhado por Antônio Bordallo, ganhou elogios em sites do mundo todo

Bordallo tem know-how pra opinar, afinal não é qualquer um que já criou um uniforme tão celebrado. “Deve ser uma honra ter um Messi vestindo camisa que você desenhou, mas são poucos os que viram sua criação nas mãos de uma pessoa tão importante e admirada como o Dalai Lama”, define Bordallo. Seria como criar a camisa da seleção do Vaticano e ter o próprio papa exibindo o manto sagrado.

Dica do Bordallo para quem gosta do hobby:

“Faça uma faculdade, do contrário vão pensar que você está nessa só de onda, não siga tendências, pense fora da caixa (ou seja, pesquise sobre uniformes de outros esportes), estude sobre a história dos clubes e dos lugares de onde eles são. Hoje em dia parece estar na moda levar em conta tudo isso, mas eu já aplicava esses conceitos quando ninguém pensava em fazer isso, nem as marcas grandes.”

Blogs que já foram mantidos por Bordallo:
sport2wear.wordpress.com
minhaprancheta.wordpress.com

Material de divulgação da Copa Football sobre a seleção do Tibet:
www.copafootball.com/collections/tibet

8 respostas para “Uniforme do Tibet foi criação de brasileiro”

  1. Sensacional cara, parabéns pela matéria. Essa coleção da seleção do Tibet é meu maior sonho de consumo desde que descobri sua existência, há um ano atrás. Foi muito interessante ficar sabendo a história por trás dos produtos.

    Abraços!

  2. Grande matéria, rica em informações e bastante detalhada, porém ficou claro que para o Bordallo conseguir ser reconhecido ele teve que enfrentar muito paradigmas, ter paciência e principalmente ter força de vontade, pois esse é um ramo difícil de se atingir… Mas ele prova que nada é impossível quando se tem amor pelo que gosta de fazer e força de vontade para atingir objetivos.

    Grande abraço e sucesso aos Verminosos!

    • Obrigado, Sullivan. É isso mesmo! Para realizar os sonhos é preciso ter força de vontade, apenas iluminados conseguem os objetivos por acaso. Trabalhar com o que gosta é bom porque não parece trabalho, o que faz muita diferença já que em pelo menos 1/3 da nossa vida ativa a gente faz isso. Que o Bordallo sirva de inspiração aos designers amadores. Um abraço!

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