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Pesquisa neurológica sobre vínculo entre torcedores faz descoberta importante para a ciência

A identificação entre torcedores ativa a mesma região do cérebro responsável por vínculos familiares

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Experimento foi realizado com torcedores de times do Rio de Janeiro (Foto: Geraldinos)
Experimento foi realizado com torcedores de times do Rio de Janeiro (Foto: Geraldinos)

Uma pesquisa promovida por cientistas do Brasil e de mais três países usou o futebol para compreender o envolvimento entre seres humanos em grupos sociais. A intenção era entender quais são os mecanismos cerebrais relacionados ao sentimento de identificação de quem torce para um mesmo time. As descobertas confirmam um sentimento de muitos torcedores.

A pesquisa “Neural bases of ingroup altruistic motivation in soccer fans”, publicada na revista Scientific Reports em novembro de 2017, foi realizada com 27 torcedores de times cariocas – Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense.

Umas das conclusões: as áreas do cérebro que são ativadas no momento de uma tomada de decisões altruístas referentes aos companheiros de torcida são as mesmas acionadas para gerar o sentimento de pertencimento a outros grupos sociais – como as famílias, por exemplo.

“O pertencimento a grupos culturais é uma característica extremamente relevante para a sobrevivência humana, o que torna fundamental a investigação de suas bases neurais”, justificou o neurologista Jorge Moll Neto, presidente do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

Os participantes do estudo passaram por testes simples, onde os torcedores tinham a chance de ganhar dinheiro para beneficiar a si mesmos, beneficiar seus companheiros de torcida ou pessoas sem time. Para isso, era preciso que eles apertassem um dispositivo com força – quanto maior a força aplicada ali, maior seria a quantia obtida pelo participante.

No estudo, o esforço dos participantes foi maior para conseguir dinheiro para si mesmos e, em segundo lugar, para quem era torcedor do seu time. Os “sem time” ficaram em último lugar.

Equipe internacional

Além de Jorge Moll Neto, colaboraram com o estudo o também neurocientista Tiago Bortolini, do Instituto D’Or; e cientistas do Instituto Max Planck e da Universidade de Leipzig, na Alemanha; do King’s College London, no Reino Unido; e do Centro Nacional da Pesquisa Científica, da França.

A pesquisa foi realizada dentro de uma máquina de ressonância magnética – e isso deu a oportunidade à equipe de cientistas de acompanhar a atividade cerebral dos participantes durante o experimento. A intenção era verificar as regiões cerebrais envolvidas nas decisões altruístas.

“O pertencimento a grupos culturais é uma característica extremamente relevante para a sobrevivência humana, o que torna fundamental a investigação de suas bases neurais”. (Jorge Moll Neto)

A região cerebral ativada quando se faz um esforço para obter recompensa – independentemente do beneficiário – é chamada córtex órbito-frontal medial. Ele atua na avaliação de custos e benefícios no momento do processo de tomada de decisão.

Quando se busca a recompensa para um membro do mesmo grupo – neste caso, um torcedor do mesmo time –, o córtex órbito-frontal medial atua em sintonia com outra região cerebral, o córtex cingulado subgenual, relacionado aos sentimentos de afiliação e pertencimento.

Segundo os especialistas, é possível que um processo semelhante ao dos torcedores aconteça quando se envolve outros tipos de grupos, como por exemplo, os religiosos ou políticos. “Torcedores de futebol compõem o que chamamos de grupos naturais, que possuem enorme engajamento na vida real e fornecem uma oportunidade única de estudar uma característica universal de humanos, que é o pertencimento de grupo”, comentou Tiago.

Dessa forma, compreender os mecanismos cerebrais envolvidos no pertencimento de grupo pode ser um primeiro passo para pensar intervenções nesses mecanismos e observar os impactos gerados sobre o comportamento. É o futebol ajudando a ciência a conhecer mais sobre os seres humanos.

“Torcedores fornecem uma oportunidade única de estudar uma característica universal de humanos, que é o pertencimento de grupo”. (Tiago Bortolini)

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