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Deu a louca

Ele escreveu cartas para 200 federações de futebol do mundo

O pesquisador Eduardo Cacella conta como foi essa experiência que viveu nos anos 90, antes da popularização do email

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Eduardo Cacella recebeu retornos de uma dezena de federações (Foto: Reprodução)
Eduardo Cacella recebeu retornos de uma dezena de federações (Foto: Reprodução)

Antes de surgirem as redes sociais ou mesmo email, o jeito para se comunicar em meio a grandes distâncias era à base da boa e velha carta. Pois foi assim que o carioca Eduardo Cacella entrou em contato com cerca de 200 federações de futebol do mundo, nos anos 90. Uma verdadeira maratona.

Entre 1996 e 1998, o pesquisador de futebol Eduardo Cacella buscou informações sobre campeonatos de diferentes países – ainda não disponíveis a um clique de Google, site que nem existia. O mais eficiente, na época, seria escrever para cada federação.

“Tive a ideia de mandar fax, mas acabou não dando certo, porque às vezes não recebiam. Então falei, ‘vou mandar cartas pra ver o que ocorre’. E, para minha surpresa, até guias eu recebi, como da República Sérvia, que é a parte sérvia da Bósnia e Herzegovina”, conta Eduardo, hoje com 51 anos.

Resposta até a mão

Ao todo, 10 federações responderam, de países como Nova Zelândia, Qatar e Ilhas Faroé. Até carta escrita a mão Eduardo recebeu. “No geral eles respondiam o que eu pedia, com as informações do clubes”, relata Eduardo, administrador, analista comportamental, coach e recrutador em Araguari (MG).

A aventura motivou alguns trabalhos de futebol de Eduardo, como os blogs Soccer Logos (surgido em 1999), Almanaque dos Clubes e suas Cores (2006), História do Futebol (2007) e Prosa Futebol Clube (2021). “Sem humildade, tenho mais informações do que muitas federações de seus países”.

Em entrevista abaixo ao Verminosos por Futebol, Eduardo fala mais sobre a série de cartas que escreveu para federações, e também sobre seus trabalhos de pesquisa na área, que incluem ainda um extenso ebook sobre a história do futebol boliviano recentemente lançado. Confira!

Eduardo Cacella recebeu retornos de países de diversos continentes (Foto: Reprodução)
Eduardo Cacella recebeu retornos de países de diversos continentes (Foto: Reprodução)

“Para minha surpresa até guias eu recebi”

Verminosos por FutebolQuando você mandou as cartas para federações? Foram quantas cartas?
Eduardo Cacella – Eu comecei a mandar em 1996 e continuei em 1998. Ao todo foram cartas para cerca de 200 federações, eu mandava para os países mais inóspitos do mundo. O intervalo foi de dois anos, pois em 1997 se iniciou o mundo da internet e esse processo começou a ficar com menos eficácia.

VerminososDe onde surgiu a ideia de escrever para as federações?
Eduardo – Eu tenho esse hobby de informações de clubes desde os anos 80. Antes da internet eu ficava reduzido a jornais e revistas, ou visitas à Biblioteca Nacional no caso do futebol brasileiro, como eu morava no Rio de Janeiro. As bancas recebiam alguns exemplares e eu caçava informações. Comecei escrevendo para pessoas que também tinham o mesmo hobby, aí tive a ideia de mandar fax, mas acabou não dando certo, porque às vezes não recebiam, ou não entendiam inglês. Então falei, vou mandar cartas pra ver o que ocorre. E para minha surpresa até guias eu recebi de campeonatos, como da República Sérvia, que é a parte sérvia da Bósnia e Herzegovina, e que tem um campeonato à parte, somente o campeão do torneio sobe para a 1ª divisão hoje em dia, é como uma 2ª divisão.

VerminososComo você fez, contemplou todas as federações filiadas à Fifa? Ou foi além?
Eduardo – Contemplei as mais difíceis, da Europa e Conmebol já era mais “fácil” as informações. Coloquei algumas não-Fifa, sempre escrevendo em inglês, menos para Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Macau e Cabo Verde, por falarem português.

VerminososE como reuniu os endereços das federações?
Eduardo – Na época tinha em livros, era mais fácil, mas mandava sem saber se iria chegar, porque não tinha confirmação de recebimento como hoje com os emails.

VerminososNa época as federações já possuíam email?
Eduardo – Não, nenhuma, elas possuíam fax, que é o email antigo. Não tinha jeito, era carta mesmo.

VerminososVocê conhece outras pessoas que fizeram coisas parecidas, por exemplo com federações Fifa ou federações estaduais?
Eduardo – Em termos de mundo, não conheço; em relação ao Brasil, sim, vários. Eu mesmo uma vez peguei o meu carro e fui a Campos dos Goytacazes (RJ), na Liga Campista, para pesquisar, só que na época estava tudo muito guardado e empoeirado e precisaria morar lá para dar certo. Então desisti, usei muito a Biblioteca Nacional nos anos 90, para pesquisar, mas é um trabalho de formiguinha, porque só podia pegar três jornais por vez e anotar num bloco em lápis, não rendia.

VerminososQuantas e quais federações responderam?
Eduardo – Eu lembro que foram Nova Zelândia, Kuwait, Angola, Malawi, Qatar, República Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Malásia, Indonésia e Ilhas Faroé. Também teve cartas de fanáticos de Armênia, Azerbaijão, Moldávia, Líbia, Ucrânia, Bielorrússia, etc.

VerminososQuais foram as respostas mais curiosas?
Eduardo – O fato do secretário geral responder e assinar em punho eu achava o máximo. Eu pedia nas carta informações dos clubes em geral, mais uniforme, porque escudos na época era muito complicado. O Guia da República Sérvia foi incrível. No geral eles respondiam o que eu pedia, com as informações do clubes, mas eram respostas mais simples, como numa empresa. O que era legal é que agradeciam o interesse no futebol do país.

“O fato do secretário geral responder e assinar em punho eu achava o máximo”. (Eduardo Cacella)

  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)
  • Veja algumas cartas recebidas por Eduardo Cacella (Foto: Reprodução)

VerminososTeus projetos Soccer Logos, História do Futebol e Prosa Futebol Clube vieram depois dessa experiência, certo?
Eduardo – A Soccer Logos começou na mesma época, início da internet, em 1999, vai fazer 23 anos no ar. Anda meio capenga por falta de tempo meu e do Thiago meu sócio.

O História do Futebol foi em 2007, comecei sozinho escrevendo no blog e três meses depois reuni quase 40 pesquisadores do Brasil todo. No auge teve 60, em 2015 me afastei da administração porque não era mais uma ideia do Edu Cacella, era um blog da História do Futebol e de todos que gostam. Já há alguns anos, o meu amigo Sergio Mello é o administrador e está à frente, eu sou somente o idealizador e como se fosse um Presidente de Honra.

O Prosa Futebol Clube foi uma ideia mais recente na pandemia, comecei em julho de 2021, com as lives de futebol. O “Eu Estava Lá”, onde eu conto minha experiência estando presente em grandes jogos da nossa história, e o “Hoje na História do Futebol”, onde em cada dia do ano eu coloco informações de fundações de clubes e grandes acontecimentos. Eu dei uma parada em novembro, porque a qualidade dos vídeos não estava ficando boa, devido à dificuldade de equipamentos, mas apenas suspendi porque a ideia é muito boa.

Tenho também um outro blog, que fala sobre o futebol nesses países meio afastados, que é o Almanaque dos Clubes e suas Cores, que comecei em 2006.

Eduardo Cacella idealizou quatro blogs de futebol (Foto: Reprodução)
Eduardo Cacella já idealizou quatro blogs de futebol (Foto: Reprodução)

VerminososE teu livro sobre o futebol boliviano? Ainda é possível comprá-lo?
Eduardo – No futebol e em qualquer meio tem essa crença da pessoa que escreve livros e passa para um degrau acima. Eu tinha uma vontade de escrever, mas não tinha o know how, aí meu amigo de muitos anos Rodolfo Kussarev me propôs a fazermos um ebook teste (“Everything that you would like to know about: Football in Bolivia”), e foi assim. Sim, ele está disponível na Amazon a um preço bem acessível.

VerminososPor que o futebol boliviano foi escolhido para o projeto?
Eduardo – Na verdade eu hoje, sem humildade, tenho mais informações do que muitas federações de seus países. A questão não é só procurar, é compilar as informações dentro de uma coerência de campeonatos e participações. Não adianta eu pegar um time de pelada só porque é da Bolívia, escolhemos o futebol boliviano pela dificuldade e pela falta de informações do país. Tem muita informação, mas nenhuma organizada, além de ser um campeonato confuso, porque tem a Liga, tem a Copa Simon Bolivar, onde jogam os campeões departamentais. Uma época a Copa Simon Bolivar era a 2ª divisão como é hoje inclusive, mas teve um período de 10 anos que tinha uma 2ª divisão separada, e a Simon Bolivar passou a ser uma 3ª divisão. Fora que, nos Departamentais, funcionam como nossos estaduais, com várias divisões. Lançamos o ebook em outubro de 2021.

> O pesquisador de futebol Eduardo Cacella tem 51 anos, é administrador, analista comportamental, coach e recrutador. Nasceu no Rio de Janeiro, onde morou por 35 anos, e hoje reside em Araguari (MG), vizinho a Uberlândia. É torcedor do Botafogo.

Serviço:


Livro “Everything that you would like to know about: Football in Bolivia“, da Campo de Ação, à venda na Amazon.

Soccer Logos | Almanaque dos Clubes e suas Cores | História do Futebol | Prosa Futebol Clube

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